A ajuda começa a chegar a Vanuatu, destruído por um ciclone monstruoso
Foi declarado estado de emergência na região. Aviões da Austrália e Nova Zelândia levam apoio de emergência. Há milhares de pessoas desalojadas.
Numa entrevista emocionada à BBC, o Presidente Baldwin Lonsdale, falou da destruição que atingiu o seu país. “A maior parte das casas está destruída, assim como escolas e clínicas”, disse a partir de Sendai, no Japão, na zona afectada pelo sismo e tsunami de 2001, onde participava numa conferência sobre desastres e emergências. No sábado, o Presidente de Vanuatu tinha já deixado um apelo de ajuda internacional: “Falo-vos com o coração pesado. Em nome do Governo, peço ajuda”, disse.
"Praticamente todos os edifícios que não eram de betão foram abaixo", disse um elemento da Cruz Vermelha australiana que já aterrou na capital, Port Villa, e viu a destruição do ar, citado pela Reuters. Testemunhas na capital descreveram ondas até oito metros de altura e cheias generalizadas, quando o furacão atingiu a cidade. Há lixo por todo o lado, como se uma gigantesca bomba tivesse explodido.
"A maioria das pessoas ficou desalojada e está abrigar-se onde pode, em grutas. Mas o impacto será muito, muito maior nas ilhas mais afastadas", disse o Presidente Lonsdale à Reuters.
As agências humanitárias na região descrevem um cenário de devastação: aldeias arrasadas, casas que desapareceram, árvores arrancadas do chão, estradas cortadas. De acordo com a organização não-governamental Oxfam, 90% das habitações ficaram danificadas. “As habitações são construções frágeis, sem capacidade de resistir a um cliclone de categoria 5”, explicou Chloe Morrison, porta-voz da organização não-governamental World Vision. A organização, que tem um total de 80 funcionários em Vanuatu, só conseguiu até ao momento contactar com 13 deles. “O contacto entre Port Vila e as outras ilhas ainda não é possível”, escrevem em comunicado onde sublinham que, um dia após a passagem do ciclone, ainda é impossível calcular a real extensão dos danos.
Ainda assim, as autoridades e ONG no terreno acreditam que pelo menos 50% do arquipélago locaizado entre as Fiji e a Nova Caledónia foi afectado. "Esta será com toda a certeza uma das piores catástrofes já vividas no Pacífico Sul", assegurou Colin Collet van Rooyen, directora da Oxfam para o Vanuatu.
Além da Austrália, a Nova Zelândia enviou equipas de emergência, que estão já no terreno, com ajuda médica e mantimentos.
Face ao desastre, França, Austrália e Nova Zelândia começaram a coordenar os meios de assistência para Vanuatu. França deverá fazer uma avaliação da situação nos próximos dias, enquanto a Austrália e a Nova Zelândia, que enviaram um total de quatro aviões (com alimentos, abrigos de emergência e material de pronto-socorro), dão resposta a situações prioritárias para as populações. A ajuda financeira também já foi desbloqueada: o Reino Unido já prometeu disponibilizar 2 milhões de euros, a União Europeia 1 milhão, e a Austrália quase 4 milhões de euros.
Até agora, o gabinete nacional de catástrofes confirmou a morte de seis pessoas, na capital, Port Vila. A ONU avançava no sábado a informação não confirmada da morte de 44 pessoas em todo o arquipélago, que é composto por 80 pequenas ilhas.
"Na maior parte dos centros de evacuação, as pessoas aglomeram-se como sardinhas. Nas próximas semanas vão levantar-se questões de saúde e segurança", salientou Nichola Krey, da organização Save the Children.
Ao jornal britâncio The Guardian , um piloto que voou para Tanna, uma ilha com 30 mil habitantes a sul da capital, dava conta de mais mortos, falta de água potável e um cenário de destruição total. As autoridades acreditam por isso que o número de vítimas mortais possa subir e contam com o auxílio de meios aéreos australianos para sobrevoar a região e perceber a extensão da destruição deixada pelo ciclone. As torres de comunicação das várias ilhas deverão ser reactivadas nos próximos dias e ajudar na avaliação global do desastre.
Uma responsável da UNICEF, Alice Clements, descreve um cenário de “absoluto terror” vivido pelos habitantes nos primeiros 15 a 30 minutos de passagem do ciclone. A maior parte da população fico sem casa e os centros de acolhimento estão sobrelotados: “Mulheres e crianças estão amontoadas como sardinhas em lata. As questões de saúde pública e de segurança vão ser cruciais nas semanas que se seguem”, sublinhou Nichola Krey, da ONG Save the Children.