"É preciso deitar abaixo a expressão de que entre marido e mulher não se mete a colher"

Actriz Mariana Monteiro quer usar visibilidade para mudar consciências sobre a violência contra as mulheres. Foi uma das oradoras num debate organizado pela Assembleia Municipal de Lisboa.

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A actriz Mariana Monteiro é um dos rostos de uma campanha de combate à violência contra as mulheres Miguel Manso

Este foi um dos motes deste debate sobre formas de prevenção da violência contra as mulheres. Mariana Monteiro, que se tornou popular na série infanto-juvenil Morangos com Açúcar, foi escolhida para a campanha Pequim + 20 como campeã da igualdade de género, que assinala duas décadas desde a assinatura da Plataforma de Acção de Pequim (PAP).

Duas décadas passadas desde a IV Conferência Mundial sobre as Mulheres, das Nações Unidas, em Pequim, onde 189 governos subscreveram um documento político com 12 pontos prioritários que reconhecia igualdade de direitos entre homens e mulheres, as Nações Unidas querem agora avaliar os avanços alcançados com a PAP. Para isso, escolheram 25 figuras públicas de vários países para levar a cabo, durante um ano, várias acções locais.

“Prevenir é uma forma de informar. Na minha profissão posso até prevenir através de uma peça de teatro, um filme ou uma novela. Precisamos de mostrar o happy ending para as mulheres ganharem coragem”, alertou Mariana Monteiro, para um auditório “mais vazio do que devia”, ao final da tarde desta terça-feira. Também Anália Torres, socióloga e especialista em questões de família, defende que "para conseguir prevenir, é preciso perceber o que está na base do problema": "E é muito importante envolver os homens no debate contra a violência".

O papel activo de Mariana Monteiro como defensora pela igualdade de género ganhou maior visibilidade em 2014, com a campanha internacional Time To Act, contra a violência sexual em conflitos armados, promovida pelo ministro britânico dos Negócios Estrangeiros. “O objectivo agora é passar a mensagem onde sou conhecida mas estou disponível para missões internacionais”, realçou.

Para envolver a comunidade na discussão e mudar consciências, Mariana Monteiro quer usar a sua visibilidade como figura pública e nas várias plataformas online, como o Facebook e o Instagram, para divulgar informação, lançar questões, gerar conversa e partilha de testemunhos e casos reais. “É importante que as pessoas se mantenham activas e não só passivas, com ‘gostos’”, defendeu.

O importante, destacou a actriz, é “perceber-se que ser feminista e defender a igualdade de direitos não é igual a defender a supremacia das mulheres": "Não podemos dizer que estamos numa sociedade evoluída sem haver direitos iguais".

No fim da segunda sessão do ciclo temático organizado por Helena Roseta, presidente da Assembleia Municipal de Lisboa – aberto ao público e transmitido online no site da Assembleia Municipal –, será escrito um relatório que será submetido à apreciação dos deputados municipais.

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