Não me recordo ao certo do primeiro dia em que li sobre o Grupo Bilderberg. Foi há uns bons anos, talvez cerca de uma década. Desde então, a existência de tal concílio sempre me intrigou. Talvez por isso tenha lido de rompante o novo livro de Cristina Martín Jimenez, "O Clube Secreto dos Poderosos", uma obra inflamada, que elucida com indícios preocupantes mas que, na verdade, pouco ou nada adianta na obtenção de factos reais sobre o que se passa nessa dita reunião. De vez em quando, a autora chega a ter laivos de “conspiranóica”. Portanto, ao fim de duzentas páginas, a pergunta mantém-se: o que é o Grupo Bilderberg?
O Grupo Bilderberg é uma reunião anual para a qual são convidados cerca de 130 representantes mundiais, ultra-poderosos, chefes de Estado, presidentes de multinacionais, intelectuais, donos de grupos de comunicação social, entre outros. Existem presenças habituais e também convidados esporádicos. E Portugal, perguntarão alguns, também se mete nesses voos? A resposta é positiva. José Sócrates, Francisco Pinto Balsemão, José Manuel Durão Barroso, Freitas do Amaral, Aníbal Cavaco Silva, Ricardo Salgado, entre (muitos) outros, passaram por lá. Em Maio de 1999, a reunião do Clube Bilderberg aconteceu no actual Penha Longa Resort, em Sintra. Mais que isto, muito pouco se sabe em concreto. Ninguém pode dizer ao certo o que estes homens – e mulheres – de poder lá debatem ou lá decidem. Portanto, a pergunta mantém-se: o que é o Grupo Bilderberg?
Quando tenta investigar sobre o assunto, qualquer jornalista esbarra numa assustadora ausência de factos. Os intervenientes evadem-se, negam que lá tenham estado ou, embora admitam que tenham comparecido à reunião, defendem-se declarando que é um assunto do foro privado e que o público não tem de saber tudo. Mas isso não é verdade. Quando se trata de gente que comanda a vida do povo, o povo tem todo o direito de saber o que aquela lá discute. Mas, até agora, objectivamente, ninguém, além dos intervenientes directos, sabe dizer o que acontece dentro daquelas paredes. O secretismo sofre da perversão inerente de que se pretende esconder algo. E, ainda que isso possa não ser necessariamente verdade, os indícios são de suspeitar. Como tal, qualquer bravo jornalista que procure saber mais sobre Bilderberg esbarra na sua própria solidão. Porque o público não o acompanha nesta necessidade: o público desconhece a existência de Bilderberg e, assim, continua noutro género de incursões e correntes informativas. Temo até que três quartos dos jornalistas desconheçam o assunto Bilderberg. Contudo, o público deveria procurar saber mais sobre a questão que se mantém: o que é o Grupo Bilderberg?
Ainda que não acredites que o Grupo Bilderberg decida conscientemente o futuro e as ocorrências que determinam a vida diária do mundo ocidental, tens a mesma legitimidade para querer saber mais sobre Bilderberg. Partilha este texto, cria o hashtag #whatisbilderberg, entope os emails do teu jornal ou site favorito com a mesmo pergunta, fala de Bilderberg aos teus amigos, à tua família, a quem quer que seja. Porque pode não ser nada de grave, mas temos, pelo menos, o direito a saber o que as pessoas que mandam em nós andam a decidir, escondidas, num albergue lá longe, sem qualquer cobertura mediática do assunto. Procura saber. E quando parares de procurar, procura mais. Se a pressão social é a maior arma do povo, pois que a usemos até à exaustão. Por isso, continua a fazê-lo, pelo menos enquanto a pergunta se mantiver: o que é o Grupo Bilderberg?
(Já agora, a próxima reunião de Bilderberg decorrerá entre 9 e 14 de Junho no Interalpen-Hotel Tyrol, a pouco mais de 10 quilómetros de Innsbruck, na Áustria. Haverá cobertura mediática?)