OSCE alerta para "o risco de uma nova escalada” na guerra da Ucrânia

As movimentações do Exército e dos separatistas junto à linha de combate não são suficientes para certificar o sucesso da trégua. Combates esporádicos mostram que o risco de uma nova escalada não pode ser excluído.

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Rebeldes pró-russos perto de Donetsk Baz Ratner/Reuters

Peski fica a uns meros dois quilómetros de distância do aeroporto de Donetsk, onde se prolonga o braço-de-ferro militar entre as forças governamentais e os rebeldes e onde as posições militares se mantêm intactas, indiferentes ao compromisso de retirada do armamento pesado da frente de combate assumido pelos dois lados do conflito nas negociações de Minsk, na Bielorrússia.

O Exército ucraniano disse que três soldados foram mortos durante a madrugada de sábado, num violento ataque das forças separatistas à zona do aeroporto, que nesta altura não passa de uma ruína. A investida, com tanques e morteiros, segundo a AFP, levou o Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, a ligar à chanceler Angela Merkel para denunciar o “grave atentado ao cessar-fogo” negociado sob os auspícios da Alemanha e França.

Os observadores da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa (OSCE), encarregada de supervisionar o cumprimento da trègua, e os jornalistas internacionais no terreno, têm dado conta das manobras de retirada na linha da frente tanto do lado dos separatistas quanto do Exército ucraniano, aparentemente em conformidade com os termos do acordo subscrito a 12 de Fevereiro em Minsk. No entanto, os monitores têm-se queixado de falta de informação relativamente ao tipo de equipamento que está a ser desmobilizado, e para onde está a ser transportado. Alegando que os rebeldes estão apenas a deslocar armamento para zonas a 30 minutos de distância da frente, o Presidente ucraniano sublinhou que “as tropas nacionais estão preparadas para recuperar posições junto à linha original e repelir o inimigo”.

Uma equipa de reportagem da CNN acompanhou, este sábado, o movimento de uma coluna rebelde de dezenas de veículos, equipados com sistemas de lançamento de mísseis, que se afastava da cidade de Donetsk, um dos bastiões dos separatistas e onde este sábado ainda se ouviam explosões e tiroteios esporádicos. Ali ao lado, Peski era “palco de combate intenso”, descrevia a repórter da estação norte-americana.

Além de Peski, uma outra zona onde a trégua comprovadamente não “colou” foi junto da estratégica cidade portuária de Mariupol, onde sete soldados ucranianos morreram na sexta-feira. Segundo a missão da OSCE, a situação este sábado permanecia “estática”. Mas a cidade está “sem defesas” e “vulnerável” a uma nova ofensiva dos separatistas.

Os confrontos esporádicos levaram a presidente do grupo de contacto da OSCE sobre a Ucrânia, Heidi Tagliavini, a refrear o optimismo quanto a uma solução diplomática para o conflito. Numa intervenção perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, aquela responsável reconheceu que a “Ucrânia se encontra numa encruzilhada” e que o “risco de uma nova escalada” não pode ser posto de parte nesta altura.

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