Maduro responde à pressão com mão-de-ferro chavista
Os venezuelanos têm de escolher entre ir trabalhar ou ir para a fila do supermercado, e o resposta do Presidente é prometer repressão.
“Na Venezuela está em curso um golpe económico e um golpe de Estado”, repete o Presidente nas suas intervenções públicas, em que promete “mão-de-ferro chavista” contra todos os conspiradores: tanto aqueles que se movimentam na vida partidária (“e participam em eleições”, lembrou) como os que se movem no universo da economia.
O Exército recebeu ordens para reprimir os protestos de rua em nome da segurança, mesmo que para tal seja necessário usar força letal contra manifestantes. As Forças Armadas também têm ordens para atacar a “instabilidade” comercial na fonte: soldados vigiam as entradas e saídas dos supermercados e outras superfícies comerciais, e podem deter qualquer indivíduo que seja apanhado a desrespeitar o racionamento imposto pelo Governo.
Olhando para os indicadores, que apontam para uma inflação acima dos 60% e uma retracção da economia na casa dos 7%, os comentadores políticos e analistas económicos prevêem para breve uma nova onda de protestos e motins. “O Governo está sem opções. As pessoas têm de escolher entre ir trabalhar ou ir para a fila do supermercado. Não vejo quanto tempo mais esta situação possa durar sem distúrbios na rua”, observava o analista venezuelano, Alfredo Croes, em declarações ao Miami Herald.
Com o país a viver debaixo de enorme pressão com a queda abrupta das receitas do petróleo, que compõem 96% das exportações, estão lançados os dados para o aumento da tensão e conflitualidade social. O Governo aprovou um pacote de medidas económicas para corrigir o desequilíbrio orçamental e até admitiu, pela primeira vez, rever em alta o preço da gasolina. Ao mesmo tempo, Maduro decidiu expandir os programas escolares e educacionais, e aumentar em 15% os salários e pensões, numa tentativa de suster a “irritação” popular com a erosão do poder de compra.