Egipto bombardeia alvos do Estado Islâmico na Líbia
Ataque lançado horas depois de divulgado vídeo com a decapitação de 21 cristãos coptas.
Logo depois de a gravação ter sido divulgada, o Presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, convocou uma reunião de emergência do Conselho Nacional de Defesa e, numa declaração ao país, prometeu punir os “assassinos de forma adequada”.
Ao início desta manhã, as Forças Armadas anunciaram que os seus aviões realizaram “ataques aéreos dirigidos contra campos, locais de treino e depósitos de armas do Daash [acrónimo pelo qual é conhecido o EI nos países árabes] na Líbia. O comunicado foi lido na televisão ao mesmo tempo que eram mostradas imagens de caças a descolar em plena noite, com a informação de que tinham como destino o país vizinho. O comandante da Força Aérea líbia adiantou entretanto que a aviação egípcia atacou alvos em Derna, cidade portuária no Leste, e que os seus próprios aviões lançaram raides contra posições dos jihadistas em Sirte e Ben Jawad, no centro do país.
Sissi tem dito repetidamente que os grupos jihadistas, que se expandem na Líbia ao ritmo que o país se afunda no caos, representam uma séria ameaça à segurança do Egipto. Em Agosto, aviões do Egipto e dos Emirados Árabes Unidos lançaram vários ataques contra milícias islamistas que avançavam para Trípoli (onde entraram na semana seguinte), mas nunca confirmaram oficialmente estas missões.
A situação é agora diferente. A Líbia tem agora dois governos em funções — um nomeado pelos islamistas, com sede em Trípoli, e o outro reconhecido internacionalmente mas forçado a refugiar-se na longínqua cidade de Tobruk — e no enxame de milícias que tomou conta do país após o derrube de Muammar Khadafi despontaram vários grupos radicais islâmicos, alguns dos quais declararam a sua obediência a Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do califado proclamado no Verão passado pelo EI entre a Síria e o Iraque.
Na situação de caos em que o país vive é muito difícil saber qual a força destes grupos no terreno ou até a que ponto agem sob as ordens de Baghdadi. Em Outubro, uma milícia islamista que controlava Derna anunciou a sua filiação no EI e desde então tem vindo a estender a sua influência na região. Há também notícia da presença dos jihadistas em Sirte, terra natal de Khadafi, e em várias outras cidades do Leste e Sul do país.
Há ainda informações de que combatentes vindos da Síria entraram na Líbia para aí fundar um novo braço do EI e, já em Dezembro, os EUA disseram ter provas de que os jihadistas tinham montado campos de treino no Leste do país, recorda a BBC. No mês passado, um outro grupo reivindicando agir em nome do EI atacou um hotel de cinco estrelas em Trípoli, que servia como base para os últimos diplomatas presentes no país, matando nove pessoas, cinco delas estrangeiras.
E o vídeo divulgado domingo mostra que, seja qual for a sua força no terreno, o Estado Islâmico está a exportar também os seus métodos brutais para lá das fronteiras da Síria e do Iraque. A decapitação dos 21 coptas segue os rituais de outras execuções mostradas pela propaganda dos jihadistas — os detidos envergam fatos laranja, são mostrados em cortejo por uma praia e forçados a ajoelhar antes de serem mortos. No vídeo, que identifica o local da execução como sendo algures na província de Trípoli, um homem fala em inglês para a câmara e, apontando para o mar, lança nova ameaça: "Estamos hoje ao Sul de Roma, na terra muçulmana da Líbia. Este é o mar onde escondestes o corpo de Osama bin Laden e juramos por Alá que vamos derramar lá o vosso sangue."