Soldados russos realizam exercícios junto à Ucrânia
Movimentações na véspera de uma importante cimeira em Minsk, capital da Bielorrússia.
A agência russa Interfax avança que cerca de dois mil soldados estão em exercícios nas várias bases espalhadas pelo Distrito Militar do Sul da Rússia, que inclui bases ao longo da fronteira com a Ucrânia – desde Millerovo, na província de Rostov, até Krimsk, junto à península da Crimeia, anexada pela Rússia em Março do ano passado. Segundo a agência noticiosa, os exercícios vão durar cerca de um mês.
Outros 600 soldados militares da Frota do Mar Negro começaram a fazer exercícios na Crimeia, avança a agência russa RIA.
A capital da Bielorrússia, Minsk, vai ser palco de mais uma iniciativa para travar o conflito no Leste da Ucrânia, vista por muitos líderes mundiais como a derradeira oportunidade para evitar uma escalada com consequências imprevisíveis.
Na cimeira de Minsk vão estar a chanceler alemã, Angela Merkel; o Presidente francês, François Hollande; e os chefes de Estado da Rússia e da Ucrânia, Vladimir Putin e Petro Poroshenko.
A chanceler alemã esteve em Washington na terça-feira, para pôr o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao corrente das negociações.
Obama afastou para já o envio de armas para o Exército ucraniano, apesar da crescente pressão nesse sentido por parte da maioria do Partido Republicano no Congresso, de muitos membros do Partido Democrata e até de responsáveis da própria Casa Branca.
Angela Merkel é uma das vozes que mais se têm oposto ao envio de armas para o Exército ucraniano, argumentando que essa medida poderia levar à intervenção directa da Rússia, e que seria impossível derrotar a máquina militar russa – a Ucrânia, os EUA e a União Europeia acusam Moscovo de estar a ajudar os rebeldes pró-russos com soldados e armamento, mas o Presidente Vladimir Putin nega essas acusações, dizendo que qualquer combatente russo que tenha ido lutar para o Leste da Ucrânia fê-lo de forma voluntária.
Nesta quarta-feira, o argumento contra o envio de armas para o Exército ucraniano recebeu outro aliado de peso. O ministro da Defesa polaco, Tomasz Siemoniak, disse que essa medida deve ser encarada como "uma última opção, que deve ser evitada".
No terreno, os rebeldes pró-russos anunciaram nesta quarta-feira que já conseguiram cercar a cidade de Debaltseve, onde estarão milhares de soldados ucranianos, mas o Exército de Kiev diz que continua a controlar uma estrada por onde entram reforços.
As organizações internacionais têm alertado para a crise humanitária em Debaltseve, uma cidade que tinha cerca de 26.000 habitantes há poucas semanas e que por estes dias não tem mais de 3000, a maioria sem acesso a electricidade e com pouca água e comida.
A batalha pelo controlo de Debaltseve é vital para as forças no terreno, já que a cidade é um importante nó de ligação entre Donetsk e Lugansk, as capitais das duas províncias ucranianas ocupadas pelos rebeldes separatistas.
Segundo os números oficiais das Nações Unidas, a guerra no Leste da Ucrânia fez mais de 5300 mortos desde Abril do ano passado, mas os serviços secretos alemães consideram que esse número está extremamente subvalorizado – no fim-de-semana passado, o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung avançou que o número de vítimas mortais pode já ultrapassar as 50.000, entre civis e combatentes.