Câmara de Lisboa e Gulbenkian levam programação informática às escolas
Através de um Título de Impacto Social, a Fundação Calouste Gulbenkian vai financiar o programa Academia de Código Júnior.
As aulas de programação a 65 crianças de três escolas do 1.º ciclo do ensino básico da rede pública de Lisboa - Aida Vieira (Carnide), Bairro do Armador (Marvila) e S. João de Deus (Areeiro) - começaram no passado mês de Janeiro. Desde então, os alunos têm estado a aprender linguagem de código, através da utilização de um programa (Scratch), que foi desenvolvido no Massachusetts Institute of Technology.
Trata-se, como frisou o presidente do município numa apresentação pública que se realizou esta sexta-feira, de uma iniciativa “dois em um” no que à inovação diz respeito: é inovadora no modo de financiamento e também naquilo que representa em termos de oferta educativa. “No futuro vai ser tão importante aprender programação como foi ler e fazer contas no tempo dos nossos avós ou aprender línguas estrangeiras na nossa geração”, constatou António Costa.
Nesta fase aquilo que vai acontecer é que a Fundação Calouste Gulbenkian vai investir cerca de 120 mil euros no programa Academia de Código Júnior, valor que será mais tarde reembolsado pela câmara se se concluir que foram alcançados os objectivos previamente definidos. Segundo explicou Artur Santos Silva, “a melhoria da capacidade lógica de resolução de problemas” e o “desempenho escolar” serão os dois indicadores com base num quais será feita a avaliação do sucesso desta iniciativa, avaliação que só deverá estar concluída em Janeiro de 2017.
O presidente da fundação sublinhou a importância daquele que é “o primeiro Título de Impacto Social em Portugal”. Lembrando que o terceiro sector se vê confrontado com uma “queda de recursos” num momento em que se vê “obrigado a multiplicar respostas”, Artur Santos Silva considerou que a “discussão sobre novos modelos de financiamento” como aquele que agora foi lançado “é não apenas oportuna como absolutamente necessária”.
“É com muito agrado que a câmara se oferece como cobaia”, reagiu António Costa, dando conta do seu agrado com o facto de se estar “a experimentar uma nova forma de financiamento de projectos com elevado retorno social”. “Este não é um projecto com retorno financeiro”, frisou, notando que o município só sairia a ganhar em termos monetários se os alunos da Aida Vieira, do Bairro do Armador e de S. João de Deus não melhorassem as suas “capacidades cognitivas” e se aumentassem as “taxas de retenção e de insucesso escolar”.
Caso este projecto-piloto se revele bem sucedido, a intenção do autarca socialista é estendê-lo “progressivamente” a outras escolas do 1.º ciclo do ensino básico. Com este e outros programas de enriquecimento, como o de Apoio à Natação Curricular, aquilo que António Costa e o seu executivo ambicionam é que a rede pública de Lisboa tenha “a melhor oferta educativa da cidade”.
Segundo foi já anunciado, em Abril terá início uma segunda vertente da Academia de Código: a câmara vai promover, em parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, formações na área da programação informática para desempregados. A ideia, explicou o presidente da câmara, é “reconvertê-los para actividades onde há uma elevada procura e não há oferta no mercado”.
Segundo informações transmitidas pelo município ao PÚBLICO, no primeiro ano deverão ser formados 90 alunos, número que deverá aumentar para 150 por ano nas edições seguintes.