O universo mutante de David Adjaye chegou a Munique
Retrospectiva em museu de Munique mostra alguns dos trabalhos mais icónicos do arquitecto britânico que tem já 50 projectos espalhados pelo mundo.
Não é, por isso, de estranhar que a Haus der Kunst, em Munique, um dos mais importantes museus de arte da Alemanha, e o Art Institute de Chicago tenham chegado à conclusão de que valia a pena dedicar-lhe uma retrospectiva, que provavelmente estará “desactualizada” dentro de bem pouco tempo, apesar dos problemas que resultaram de um menor volume de encomendas, comum a tantos outros arquitectos, e que acabaram por afectar o seu atelier em 2009.
David Adjaye: Form, Heft, Material é a exposição que se pode ver na cidade alemã até ao final de Maio e a peça central de um programa que inclui várias conferências e seminários com críticos e teóricos de arquitectura, com artistas, colaboradores e com o próprio Adjaye.
Dizem os comissários da exposição no texto de apresentação disponível no site da Haus der Kunst – Okwui Enwezor por Munique e Zoë Ryan em representação do instituto de Chicago – que procuraram traçar um percurso abrangente pela carreira do britânico, das casas que desenhou para clientes como o designer Alexander McQueen, o actor Ewan McGregor e os artistas Tim Noble e Sue Webster, às suas colaborações com grandes nomes das artes plásticas, como Chris Ofili e Olafur Eliasson, passando, como não poderia deixar de ser, por duas das suas obras mais recentes: o National Museum of African American History and Culture em Washington, um dos planetas da galáxia Smithsonian, com inauguração prevista para este ano; e o National Museum of Slavery and Freedom, em Cape Coast, no Gana, cidade fundada pelos portugueses e depois ocupada por holandeses e ingleses que foi um importante entreposto do comércio de escravos.
Falando sobretudo dos edifícos públicos, como o Centro do Nobel da Paz em Oslo e o Museu de Arte Contemporânea de Denver, os comissários definem o trabalho de David Adjaye como “arquitectura socialmente eficaz”. E fazendo jus ao nome que deram à exposição, explicam como as suas estruturas, longe de serem puramente funcionais ou de apostarem, pelo contrário, numa “monumentalidade icónica”, procuram aproximar-se sempre dos seus utilizadores, sem os tratarem com “condescendência”. E como? “Adjaye usa com frequência materiais que mudam de cor consoante a sua exposição à luz, que assumem diferentes texturas de acordo com as condições climatéricas ou que provocam quem as vê a tocá-las”, estabelecendo um diálogo permanente com as audiências.
Adjaye, que é também professor convidado da Escola de Arquitectura da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, planeou para Lisboa o Africa.cont, um centro para a cultura africana contemporânea que não chegou a avançar.