Qualquer texto sobre um jogo de cartas com gatos tem de começar da mesma maneira: a Internet adora estes animais e é esta obsessão que pode explicar como o Exploding Kittens bateu recordes no número de apoiantes de uma só campanha de "crowfunding" no Kickstarter. “Este é um jogo de cartas para pessoas que gostam de gatinhos e de explosões e de feixes de laser e, às vezes, de cabras” — é esta a descrição que os três criadores do jogo apresentam na página do projecto.

A 14 dias do fim da campanha de financiamento colectivo, o Exploding Kittens já angariou quase 5,4 milhões de dólares (perto de 4,7 milhões de euros), de 136.545 pessoas. Este último número faz desta ideia a mais apoiada de sempre da plataforma de "crowdfunding", em número de apoiantes — a arca térmica Coolest mantém o primeiro lugar no top das campanhas financiadas, com mais de 13 milhões de dólares (11,3 milhões de euros).

Elan Lee, Matt Inman e Shane Small— os três amigos norte-americanos que tiveram a ideia — comparam o jogo à roleta russa. “Os jogadores tiram cartas à vez até que alguém tira uma carta do gato explosivo e perde o jogo”, escrevem. O baralho tem cartas que permitem evitar a explosão através de pequenos privilégios: espreitar as cartas antes de jogar, obrigar o adversário a tirar várias ou embaralhar tudo de novo. “O jogo vai-se tornando mais intenso de cada vez que tiras uma carta, uma vez que menos cartas no baralho significa uma maior probabilidade de tirares a do gato explosivo.”

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Para sossegar aqueles que não vêem com bons olhos um jogo com gatos que explodem, os criadores sublinham que não querem magoar gatos. “Também não queremos que os gatinhos sejam maltratados por mais ninguém”, ressaltam. “Os nossos gatinhos não explodem devido a intenções maliciosas ou negligência, mas sim por fazerem aquilo que os gatos fazem, como correr em cima de teclados ou mastigar coisas que não deveriam mastigar”, explicam.

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Sucesso "agridoce"

O que continua por explicar é o sucesso do projecto no Kickstarter, onde já é o sétima campanha mais financiada de sempre, escreve o “Washington Post”. A este jornal norte-americano, Matt Inman (do site “The Oatmetal”) disse que o sucesso é “agridoce”. Por um lado, o cartoonista vê como incrível o facto de as pessoas responderem de forma tão positiva a algo que o próprio ajudou a criar; por outro, sente uma “pressão tremenda para entregar um produto de qualidade”.

É que além de ter de responder a um número tremendo de encomendas, os criadores lidam, também, com a visibilidade mediática: Mashable, Forbes, CNET, Business Insider e Newsweek são apenas algumas das publicações que noticiaram o jogo nos Estados Unidos.

Até 20 de Fevereiro ainda é possível comprar o jogo através da campanha no Kickstarter: a partir de 20 dólares (pouco mais de 17 euros) tem-se direito a uma versão apropriada para crianças e, por 35 (30 euros), os interessados podem conseguir a versão “NSFW” (“Not Safe For Work”) que os criadores não aconselham a crianças. O envio das encomendas está previsto acontecer a partir de Julho de 2015.

Resta dizer que Elan, Matt e Shane tinham inicialmente pedido 10.000 dólares (8,7 mil euros) — objectivo alcançado em apenas 30 minutos.