Empresa do grupo Tivoli com dívidas de 60 milhões à banca
A Hotéis Tivoli está em Processo Especial de Revitalização e garante ter condições para manter todos os trabalhadores e presença nas regiões onde opera.
O colapso do Grupo Espírito Santo (GES) e do Banco Espírito Santo apanhou a Hotéis Tivoli em pleno processo de negociação para a venda dos seus activos. Está numa situação económica difícil e por prever, a curto prazo, “sérias dificuldades” para cumprir com as suas obrigações, decidiu avançar com um pedido de PER. Gere directamente quatro unidades hoteleiras (Tivoli Lisboa, Tivoli Jardim, Tivoli Sintra e Palácio de Seteais)
No documento que entregou no Tribunal do Comércio de Lisboa, a empresa diz que quer manter todos os 334 trabalhadores e definiu quatro pilares estratégicos para reestruturar o negócio: apostar no mercado internacional, “consolidar o modelo de decisão” centrado na gestão de receita, racionalizar as equipas de vendas e melhorar a central de reservas e programas de fidelização. Tudo num contexto de contenção de investimento e corte de custos.
Para justificar o pedido de PER, a Hotéis Tivoli detalha que precisava de fundos para “fazer face a eventuais necessidades de tesouraria” e a Rioforte (dona do grupo Tivoli Hotels & Resorts, onde está integrada a empresa) “prestava os meios financeiros necessários ao desenvolvimento do negócio que permitiram saldar, até à data, todos os compromissos”. Entre 2011 e 2013, reportou sempre prejuízos (9,5 milhões em 2013). No ano mais recente disponível, o passivo era de 136 milhões e o volume de negócios na ordem dos 70 milhões de euros.
As “necessidades financeiras” do GES (da qual faz parte através da Rioforte) levaram, no primeiro semestre de 2014, ao início de um processo de negociação para a venda do grupo Tivoli, a formalizar até final do ano passado. Contudo, o colapso do GES/BES no segundo semestre, “em particular da Rioforte em processo de insolvência, depois de negado o pedido de gestão controlada, levou a um impasse negocial na aquisição do grupo Tivoli e a um impasse na entrada de um novo investidor”. A solução foi recorrer ao processo de revitalização, que permite às empresas em situação económica difícil negociar com os seus credores sem terem de fechar as portas.
A administração da Hotéis Tivoli acredita ter “todas as condições para continuar a desenvolver actividade, mantendo toda a estrutura de trabalhadores e cumprindo as suas obrigações, incluindo o compromisso de manter o investimento nas várias regiões onde opera”.
Com o PER, o passo que se segue é e elaboração da lista definitiva de credores. Depois de publicada, seguem-se dois meses de negociações, prazo que poderá ser prorrogado por mais um mês. Este processo é supervisionado pelo administrador judicial, entretanto já nomeado.
Entretanto, o grupo Tivoli anunciou a venda dos dois hotéis que detém no Brasil (em São Paulo e na Praia do Forte) ao tailandês Minor Hotel Group (MHG). O negócio de 168 milhões de euros também incluiu a alienação quatro edifícios onde estão instalados os hotéis Tivoli de Lisboa, Vilamoura, Portimão e Carvoeiro. Destes, apenas o de Lisboa pertence à empresa Hotéis Tivoli SA. O de Vilamoura pertence à Marinoteis, também em PER.
O grupo Pestana chegou a estar na corrida pelos activos hoteleiros do GES, em parceria com fundos de investimento. À empresa de Dionísio Pestana caberia a gestão das unidades Tivoli. A imprensa espanhola também noticiou que um consórcio composto pelo fundo norte-americano Pimco, o grupo hoteleiro espanhol Iberostar e a suíça Helvetia teriam apresentado uma oferta de 333 milhões de euros pelos hotéis.
Foi na década de 1990 que o GES investiu, pela primeira vez, na hotelaria. Comprou três hotéis em Lagos, Carvoeiro e na marina de Vilamoura e expandiu a rede para Lisboa, Coimbra e Sintra. O Brasil também entrou no portefólio da empresa, com um hotel em São Paulo e um resort na Praia do Forte, em Salvador da Baía. No total, detinha 14 unidades e três mil quartos.
A Rioforte já vendeu a ES Viagens (dona da Top Altlântico) à Springwater Capital por um valor não conhecido e desfez-se de parte do capital da Espírito Santo Saúde, vendida à chinesa Fosun por 134,2 milhões de euros.