Morreu Martin Gilbert, biógrafo de Churchill

Historiador escreveu vários volumes sobre o Holocausto, a I e II guerras mundiais e o século XX.

Foto
O historiador fotografado em 2004 Daniel Rocha

Martin Gilbert “morreu tranquilamente”, após “uma longa e grave doença”, precisou John Chilcot, descrevendo-o como “um historiador extraordinariamente importante”, de cuja “sabedoria e perspicácia” o inquérito beneficiou, e transmitindo as suas “condolências pessoais” à família.

John Chilcot informou os membros do Parlamento britânico da morte de Sir Martin Gilbert (nascido em Londres em 1936), ao comparecer perante uma comissão da Câmara dos Comuns, à qual foi chamado para explicar o atraso na divulgação do relatório oficial do inquérito.

O Fundo de Educação sobre o Holocausto também reagiu à morte de Martin Gilbert com uma mensagem inserida na rede social Twitter: “Muito triste por saber da morte de Sir Martin Gilbert, destacado historiador do Holocausto e nosso grande amigo. Os nossos pensamentos estão com a sua família”.

Além de ter sido o biógrafo oficial de Churchill, cuja última versão foi publicada em oito volumes, Martin Gilbert escreveu perto de uma centena de livros de História, com destaque para a primeira e segunda guerras mundiais, o Holocausto, o Judaísmo e a História de Israel – títulos disponíveis em português em sucessivas publicações da Bertrand, Dom Quixote, Alêtheia e Edições 70.

No obituário que dedica ao historiador no jornal The Guardian, Richard Gott, que o conhecia desde o final dos anos 50, diz que ele era “um assumido sionista, embora fosse hoje bastante crítico do poder em Israel e do domínio do partido Likud”.

O interesse de Martin Gilbert pela biografia de Churchill surgiu em 1962, quando, enquanto investigador da Universidade de Oxford, iniciou o seu trabalho sobre a vida do chefe do governo britânico no tempo da guerra.

Este trabalho respondeu a um desafio do filho de Churchill, Randolph, que um ano depois de ter sido nomeado investigador júnior na Merton College, naquela Universidade, convidou Martin Gilbert a juntar-se à sua equipa para a pesquisa da biografia do ex-primeiro ministro britânico.

Após a morte de Churchill, em 1965, e de novo com a aprovação de Randolph, Martin Gilbert escreveu a sua primeira obra sobre o antigo líder: um só volume intitulado Winston Churchill, que foi publicado em 1966.

Dois anos depois, após a morte de Randolph, Gilbert foi convidado para retomar o seu trabalho e completar a biografia de Churchill, incluindo na obra vários documentos, o que o levou a publicá-la em diversos volumes ao longo dos 20 anos seguintes.

Apesar deste aturado trabalho sobre o líder britânico, foi o livro que Martin Gilbert dedicou ao Holocausto, ao longo de oito volumes, que viria a desencadear “de longe a maior correspondência e contacto com pessoas que, de outro modo, nunca teria conhecido”, disse o próprio historiador  agora citado no obituário da agência Associated Press –, acrescentando que tal lhe deu material e ideias que ele integraria em posteriores obras relacionadas com aquele tema.

“A minha preocupação sempre foi escrever História a partir de uma perspectiva humana, nunca esquecendo o chamado cidadão comum”, disse também Martin Gilbert, ainda citado pela AP.

Em 1990 e 1995, Martin Gilbert foi distinguido pela rainha Isabel II sucessivamente com os títulos de Comandante e Cavaleiro da Ordem do Império Britânico.

Sugerir correcção
Comentar