Morreu o poeta e compositor norte-americano Rod McKuen
Foi um dos poetas que mais vendeu nos Estados Unidos. Compôs A Man Alone com Frank Sinatra.
Estava doente há semanas. O poeta e compositor estava internado num centro de reabilitação em Beverly Hills, onde estava a ser tratado a uma pneumonia, disse à imprensa norte-americana o amigo e produtor Jim Pierson.
Até ao seu ano sabático em 1981, altura em que se recolhe em casa lutando contra uma depressão, Rod McKuen foi incrivelmente bem-sucedido e prolífico na cultura popular, assinando centenas de poemas e canções, incluindo Jean, a música nomeada a um Óscar, que o norte-americano compôs para o filme de 1969 The Prime of Miss Jean Brodie.
Nascido em Oakland, na Califórnia, em 1933, teve uma infância e adolescência atribuladas, tendo saído de casa aos 11 anos para escapar aos abusos do padrasto alcoólico. Trabalhou como lenhador, cowboy de rodeos, trabalhador de caminhos-de-ferro, duplo de cinema, locutor de rádio e até foi correspondente de um jornal na Coreia.
No início dos anos 1960, mudou-se para França, onde se começou a interessar pela escrita e composição. Conheceu Jacques Brel e desse encontro surgiu a vontade de traduzir as canções do belga para inglês. A primeira foi o sucesso Ne me quitte pas, em inglês If You Go Away, e seguiu-se depois Seasons in the Sun, a adaptação de Le Moribond, que mais tarde ganhou projecção nas vozes de Terry Jacks e dos Kingston Trio.
Volta então aos Estados Unidos e influenciado por Jack Kerouac e Allen Ginsberg participa em recitais de poesia. Ao mesmo tempo, começa a mexer-se no mundo da música, até mesmo como cantor – ficaram conhecidas as suas canções mais faladas do que cantadas. A spoken word era o seu género. Em 1966, lança o livro de poesia Stanyan Street & Other Sorrows, bestseller, editando logo a seguir Listen to the Warm (1967) e Lonesome Cities (1968). Gravou este último em disco, o que lhe valeu um Grammy de Melhor Gravação Spoken Word.
Em pouco tempo, ganhou grande projecção mediática. Só em 1968 McKuen já estava traduzido em 11 línguas e os seus livros já vendiam mais de um milhão de cópias.
Nesta altura, conhece Frank Sinatra, de quem era fã – era conhecido o seu desejo de escrever para o cantor. A oportunidade surgiu quando foram apresentados, a 29 de Abril de 1968, na casa do editor musical Bennett Cerf. “Durante anos tinha tentado contactar com Frank, escrevia canções que eram pensadas para ele. Mas nunca consegui fazê-las chegar”, recordou McKuen mais tarde. “Quando finalmente nos conhecemos, em vez de me propor que eu escrevesse uma ou duas, prometeu-me um disco inteiro, algo que nunca tinha feito antes com outro músico. Foi incrível”, contou.
Nascia assim A Man Alone, gravado entre 19 e 21 de Março de 1969, considerado por muitos como um disco autobiográfico para os dois homens. “Pode ser qualquer um de nós os dois. Identifico-me com Frank porque ambos somos essencialmente solitários. Isso não é o mesmo do que estar sozinho, um solitário é um homem que se quer movimentar à vontade”, dizia o compositor quando questionado sobre quem era o homem sozinha, em referência ao título do disco.
Madonna, Dolly Parton e Chet Bake são alguns dos artistas que gravaram material de McKuen.
Em 2001, chegou às lojas A Safe Place to Land, livro com 160 páginas de nova poesia, e em 2004 foi editado Rusting in the Rain, a sua última obra.
Em Portugal, Rod McKuen não tem nenhum livro editado.