Ataque contra hotel em Tripoli faz nove mortos, incluindo cinco estrangeiros

Um grupo ligado ao Estado Islâmico reivindicou o atentado. O governo paralelo que controla a capital da Líbia acusa rivais de quererem matar o seu primeiro-ministro.

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Forças de segurança cercam o hotel depois do início do ataque Ismail Zitouny/Reuters

Responsáveis de segurança citados pela AFP dizem que morreram duas filipinas, um norte-americano, um francês e um sul-coreano. O ataque começou com a explosão de um carro armadilhado diante do hotel, que matou três guardas líbios. A última vítima é uma pessoa “feita refém” pelos assaltantes, possivelmente um segurança, quando estes se fizeram explodir, estavam já cercados no 24º andar do hotel. Este andar costuma estar reservado pela missão diplomática do Qatar, mas não havia lá nenhum diplomata no momento do ataque.

Um grupo radical líbio que se diz associado aos jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico, que opera na Síria e no Iraque, reivindicou o ataque e diz que visava vingar a morte de Abu Anas al-Liby, suspeito membro da Al-Qaeda acusado de ajudar a organizar os atentados de 1998 contra as embaixadas dos Estados Unidos no Quénia e na Tanzânia que morreu este mês num hospital de Nova Iorque, enquanto aguardava julgamento. Mas o governo paralelo – que expulsou de Tripoli as autoridades reconhecidas internacionalmente – diz que o alvo era o primeiro-ministro, Omar al-Hassi.

A capital líbia é actualmente controlada por uma poderosa coligação de milícias, incluindo vários grupos islamistas, a Aurora da Líbia, que no Verão passado tomaram o aeroporto, ocuparam os edifícios governamentais e expulsaram o governo provisório de Abdallah al-Theni, refugiado no Leste do país.

Omar al-Hassi estava no interior do hotel quando o ataque começou, disse à AFP Issam al-Naass, porta-voz das operações de segurança na cidade, mas foi retirado a tempo. “As nossas investigações mostram que os assaltantes queriam matá-lo”, disse à Reuters o director da segurança da capital, Omar Khadrawi. As forças de segurança retiraram ainda do Corinthia uma delegação norte-americana, assim como outros hóspedes, assim que os atacantes entraram na recepção.

Khadrawi diz que por trás do ataque esteve “o criminoso de guerra Khalifa Haftar”, um general que nos últimos meses lançou uma ofensiva para tentar recuperar a cidade de Bengasi aos grupos armados islamistas que controlam a cidade, a segunda maior da Líbia, e onde se iniciou a revolta contra Muammar Khadafi, em 2011.

Haftar conta com o apoio de tropas governamentais e os combates não tem cessado, apesar de uma trégua acordada este mês em Genebra, onde representantes de vários grupos aceitaram um convite da ONU para discutir “a formação de um governo de unidade nacional, incluindo o seu programa, o processo de tomada de decisão e os critérios de selecção dos seus membros”. Só na segunda-feira morreram 18 pessoas e 44 focaram feridas em Bengasi.

Desde a queda de Khadafi, ao fim de oito meses de revolta e graças ao apoio aéreo de uma missão internacional, que as autoridades de transição se mostraram incapazes de controlar as inúmeras milícias formadas por ex-rebeldes, unidos por laços tribais ou regionais.

Para além dos dois governos – o que tenta controlar Tripoli e o de Abdallah al-Theni, saído de um parlamento eleito e refugiado –, há milícias rivais, pró e anti-governo que disputam território e campos de produção de petróleo.

As representações diplomáticas praticamente deixaram de funcionar no país – as delegações que precisam de se deslocar ao país ficam habitualmente no hotel atacado. Em 2012, um atentado contra o consulado dos Estados Unidos em Bengasi matou o embaixador norte-americano e outros três norte-americanos.

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