Finlândia admite estender prazos do programa grego
Primeiro-ministro finlandês diz que redução da dívida está fora de questão.
As declarações do primeiro-ministro finlandês, Alexander Stubb, foram proferidas esta segunda-feira, um dia depois da vitória do Syriza, liderado por Alexis Tsipras, nas eleições da Grécia.
“Não esquecemos os empréstimos, nas estamos prontos para discutir uma extensão das maturidades do programa. Contudo isso não muda o facto de a Grécia ter de continuar com as reformas” estruturais da economia, referiu citado pela Reuters.
Alexander Stubb afastou uma eventual redução do volume da dívida, acrescentando que as condições do empréstimo à Grécia já são “muito acessíveis” e que não vê espaço para mudanças radicais.
O ponto-chave, acrescentou, é que a Grécia honre os seus compromissos e, nesse contexto, poderá ser avaliado “um prolongamento dos prazos do empréstimo”.
“Respeitamos o resultado da eleição democrática, mas também temos de ter em conta o que foi acordado anteriormente. Devemos cumprir as regras, o seu desrespeito foi a principal causa da emergência da crise do euro”, reforçou.
Do lado do Banco Central Europeu também há abertura para um eventual reescalonamento da dívida, mas não para uma reestruturação.
Benoît Coeuré, membro francês do conselho executivo do Banco Central Europeu (BCE), afirmou ser "impossível para o Banco Central Europeu (BCE)" aceitar uma reestruturação dos títulos de dívida grega na sua posse e alertou que o líder do Syriza, que no domingo ganhou as eleições na Grécia, deve evitar agir de forma unilateral.
"É absolutamente claro que não podemos concordar com qualquer redução da dívida que inclua os títulos detidos pelo BCE. Tal é impossível por razões legais", advertiu Benoît Coeuré, em entrevista ao jornal económico alemão Handelsblatt, citada pela agência AFP.
O mandato do BCE interdita-o de financiar os Estados europeus, algo que aconteceria se a dívida fosse reestruturada.
O novo Governo “deve pagar, são essas as regras do jogo europeu, não há lugar para um comportamento unilateral na Europa”, alertou Benoît Coeuré. Mas “isso não exclui um reescalonamento”, acrescentou.
Relativamente aos outros títulos em circulação, "não cabe ao BCE decidir se a Grécia precisa de uma redução da sua dívida", disse.
Os gregos deram, este domingo, uma vitória histórica ao partido de esquerda Syriza, com 36,34% dos votos, ou 149 deputados, menos dois do que os 151 necessários para a maioria absoluta, quando estavam contados 99,8% dos votos.
Na noite de domingo, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, reiterou no discurso de vitória a sua intenção de renegociar com os credores uma "nova solução viável" para a Grécia, designadamente ao nível da dívida.
Os ministros das Finanças da zona euro reúnem-se nesta segunda-feira em Bruxelas, um dia após a vitória nas eleições gregas do partido que tinha sido muito crítico das políticas de austeridade seguidas na União Europeia.
O encontro, que se prevê curto, tem como principal tema da agenda a Grécia, com o Eurogrupo a fazer um ponto da situação do programa de assistência grego, que expira dentro de aproximadamente cinco semanas. Mas não haverá quaisquer decisões, até porque agora é necessário aguardar pelo novo interlocutor grego à mesa do fórum de ministros das Finanças da zona euro, face à viragem política operada na Grécia.
O futuro primeiro-ministro grego pretende negociar com a Europa a redução da dívida do país (175% do Produto Interno Bruto), tendo-se manifestado "pronto para cooperar e negociar (...) uma solução justa, viável e que beneficie todos".
O BCE detém actualmente 27.200 milhões de euros de dívida grega negociável, cerca de 42% do total. Duas dessas obrigações, de 3500 milhões de euros, vencem a 20 de Julho, enquanto duas outras, na ordem dos 3200 milhões de euros, em Agosto.