Passos diz que "bazuca" do BCE era esperada e espera que seja eficaz
Primeiro-ministro rejeita crítica de António Costa de que decisão do banco central é derrota política.
Na quinta-feira, António Costa acusou o Governo de sofrer uma "derrota política com a compra de dívida do Banco Central Europeu", argumentando que Passos Coelho "foi sempre adversário desta medida e contrário à mudança de orientação da política europeia".
António Costa está a fazer "uma grande confusão", afirmou Passos Coelho. "Nunca me manifestei contra o programa do BCE, antes pelo contrário. Esta intervenção já era aguardada, na medida em que a Europa mas sobretudo o euro corre o risco de deflação", explicou o primeiro-ministro. E acrescentou: "Não é a primeira vez que o BCE, em objectivos de politica monetária, intervém no mercado, já aconteceu antes, até 2011, para reagir à crise da dívida soberana".
Pedro Passos Coelho falava à margem da Feira do Fumeiro de Montalegre, onde aproveitou para dizer que nos encontramos perante "um desafio muito grande" e lembrou que a economia europeia tem estado "quase estagnada" ao nível da zona euro.
Na quinta-feira, o BCE anunciou que vai comprar 60 mil milhões de euros de dívida aos países da União Europeia. Passos Coelho clarificou que este financiamento não é destinado aos Estados, mas aos bancos e à economia, frizando que "não podemos confundir esta acção de financiamento com um empréstimo aos Governos".
"O BCE, ao contrário do que algumas pessoas defendiam, não alterou o seu mandato, os seus estatutos, o seu objectivo que é de política monetária e não está a financiar os Estados, está a financiar os bancos e a economia", afirmou o chefe de Governo.
Para Passos Coelho, "é uma operação bem-vinda por parte de toda a gente, esperemos que seja tão eficaz quanto se deseja", espeficando qual é o objectivo: "Esperemos que esta intervenção ajude a que a inflação se situe perto de dois por cento".