Governo turco compara Netanyahu a terroristas de Paris

Primeiro-ministro turco acusou homólogo israelita de ter cometido “crimes contra a humanidade” em Gaza.

Foto
Presença de Netanyahu em Paris foi criticada pela Turquia Matthieu Alexandre / AFP

“Como os terroristas que cometeram os massacres de Paris, Netanyahu cometeu crimes contra a humanidade à frente do Governo que massacrou crianças que brincavam nas praias de Gaza”, afirmou Davutoglu, durante uma conferência de imprensa esta quinta-feira.

Davutoglu acusou também Israel de ter “massacrado” cidadãos turcos quando, em 2010, atacou uma embarcação ao largo de Gaza.

Foi a 31 de Maio de 2010 que um raide das forças israelitas sobre a flotilha turca de ajuda a Gaza Mavi Marmara terminou com a morte de dez pessoas. A embarcação tinha como destino a Faixa de Gaza para fornecer ajuda humanitária à população palestiniana, mas Israel receava que se tratasse de um disfarce para o transporte de armas.

A troca de acusações entre Ancara e Tel Aviv levou as relações entre os dois países ao nível mais baixo nos últimos anos. Quase três anos depois do incidente, o Governo israelita pediu desculpas formais pelo ataque, mas a normalidade das relações nunca mais foi retomada.

O fim ao cerco de Gaza tem sido um dos principais temas de discórdia entre os dois países. Ainda este Verão, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou Israel de ter “ultrapassado Hitler em matéria de barbárie”. As declarações de Erdogan tiveram lugar durante a última intervenção militar israelita na Faixa de Gaza contra o Hamas, que causou a morte a mais de dois mil palestinianos, na sua maioria civis.

Recentemente, Erdogan disse “não compreender como é que [Netanyahu] ousou” participar na marcha de domingo em Paris de homenagem às vítimas dos atentados terroristas ao semanário satírico Charlie Hebdo e à mercearia judaica.

O primeiro-ministro turco também se pronunciou acerca da nova edição do Charlie Hebdo, cuja capa é uma caricatura do profeta Maomé. "Não podemos aceitar os insultos feitos ao profeta", afirmou Davutoglu, defendendo que "a liberdade de imprensa não significa liberdade para ofender".

Um jornal turco foi alvo de buscas pela polícia na quarta-feira depois de ter decidido publicar conteúdos da edição do semanário francês e um tribunal ordenou o bloqueio de todos os sites que mostrassem imagens da caricatura de Maomé.

Sugerir correcção
Ler 7 comentários