Conceição Amaral é a nova presidente da Fundação Ricardo Espírito Santo

Luís Calado, cujo mandato seria até 2018, foi destituído com efeitos imediatos, soube o PÚBLICO.

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Ricardo Salgado num dos aniversários da Fundação Ricardo Espírito Santo com Luís Calado João Henriques

Contactado pelo PÚBLICO, Luís Calado, à frente da FRESS desde 2005, não quis comentar esta informação mas Conceição Amaral confirmou que “houve uma decisão do conselho de curadores em nomear uma pessoa com outro perfil para a situação da casa”. Luís Calado, que era também administrador executivo, tinha renovado contrato em 2013 até 2018.

Nos últimos meses foram conhecidos os problemas financeiros da fundação que agrega o Museu de Artes Decorativas e a sua colecção, as escolas de formação e as importantes oficinas de conservação e restauro em Lisboa. O colpaso do Grupo Espírito Santo, que era o principal mecenas da fundação, afectou o funcionamento da instituição.

A situação obrigou inclusive a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) a abrir um processo de classificação da colecção inicial da FRESS. Desta forma, o mobiliário português no Museu de Artes Decorativas Portuguesas, as obras plásticas e decorativas na posse da Fundação e ainda os livros, publicações e documentos ficam sujeitos a uma protecção legal especial.

“O projecto está numa fase de uma nova reorganização, de uma necessária reestruturação”, diz ao PÚBLICO Conceição Amaral, que acumulará os dois cargos: presidente do conselho de administração da FRESS e directora do Museu de Artes Decorativas. “Foi o entendimento do conselho de curadores fazer algumas alterações”, continua a responsável, explicando que o principal órgão de decisão da fundação, presidido por José Espírito Santo Silva, substituiu Luís Calado, com efeitos imediatos, por procurar alguém mais indicado para “a negociação com parceiros”.

“É um trabalho neste momento também mais de carácter comercial”, diz a nova presidente, garantindo que será salvaguardado o projecto cultural. “Estão a ser trabalhados neste momento vários mecenas, várias parcerias e também alguns projectos com algumas encomendas especiais”, revela a responsável, sem avançar, no entanto, com nomes, admitindo que ainda não há nada confirmado. “Há grandes expectativas e há neste momento intenções e alguma sintonia também a nível de instituições, de parceiros, que se possam vir a juntar à fundação, e esperamos todos, e estamos a trabalhar para isso, que seja em breve, muito breve.”

A fundação é uma instituição de direito privado com estatuto de interesse público, criada em 1953 quando Ricardo do Espírito Santo Silva, avô do banqueiro Ricardo Salgado, doou o Palácio Azurara (nas Portas do Sol, no centro histórico de Lisboa) e parte da sua colecção privada de artes plásticas e decorativas ao Estado português, criando-se o museu-escola e as 18 oficinas de restauro em talha dourada, mobiliário, azulejo, encadernação e tapetes de arraiolos. A fundação tutela ainda a Escola Superior de Artes Decorativas e o Instituto de Artes e Ofícios.

A FRESS tem receitas próprias através dos serviços de conservação e restauro ou das propinas escolares, mas o mecenato tem um importante peso nas suas contas para fazer face às despesas de funcionamento da instituição premiada com o prémio Europa Nostra de Instituição Cultural Europeia de 2013.

Conceição Amaral, que está desde esta quinta-feira até domingo no Porto a promover uma venda de peças manufacturadas nas oficinas da fundação, à semelhança do que já tinha acontecido em Lisboa em Novembro, para angariar algum dinheiro para a instituição, diz ter aceitado o convite para presidir à FRESS por acreditar que “esta casa”, como lhe chama, “consegue dar a volta que é necessária”.

“Nestes últimos tempos difíceis houve muita gente que se aproximou e que quer contribuir”, conta Conceição Amaral, para quem “o projecto cultural, a missão da casa, estará assegurada”. “Essa é a intenção quer do conselho de curadores quer do novo conselho de administração e dos parceiros que certamente se associarão a este projecto”, diz. “Obviamente é do nosso entendimento continuar a preservar este projecto. É um projecto cultural antes de qualquer outro projecto que pudesse ser pensado para esta casa.”

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