Charlie Hebdo, um jornal pronto a avançar contra todos os tabus
Jornal satírico alinhado à esquerda faz inimigos desde o final dos anos 1960.
Teve uma primeira vida de 1969 a 1981, mas ressuscitou em 1992, até ao presente, com edições semanais à quarta-feira. Mas foi a republicação dos cartoons de Maomé do jornal dinamarquês Jyllands-Posten em 2006 que tornou o Charlie Hebdo internacionalmente famoso. Se normalmente vendia 100 mil exemplares, da edição de 9 de Fevereiro de 2006 vendeu 160 mil da primeira impressão e mais 150 mil de uma nova impressão feita mais tarde. Foi processado por várias organizações religiosas islâmicas.
Não é só contra os integristas muçulmanos que o semanário Charlie Hebdo investe: opositores do casamento gay, judeus, Marine Le Pen, François Hollande, o Vaticano, todos já foram alvo dos seus desenhos satíricos e mordazes.
Nada de espantar, na verdade: o Charlie Hebdo insere-se na tradição das publicações satíricas. À direita existe, por exemplo, o semanário Minute, sem as caricaturas divertidas e que foi condenado recentemente a pagar uma multa de 10 mil euros por ter comparado a ministra da Justiça, Christiane Taubira, a um macaco.
Esta não é a primeira vez que a sede do Charlie Hebdo, no 20.º arrondissement de Paris, é atacada. Em 2011, foi atacada à bomba, provavelmente devido à decisão de produzir uma edição especial com o título Charia Hebdo, em que o profeta Maomé seria colocado como o director do semanário. A capa do que seria esta edição especial já circulava na Internet dias antes do ataque.
Um grupo de rappers franceses produziu também uma canção em 2013, apelando a um "auto-da-fé contra os cães" do semanário satírico.