Porta-voz da Renamo detido durante algumas horas por liderar manifestação
Renamo considera que as eleições que deram a vitória à Frelimo e ao seu candidato presidencial, Filipe Nyusi, foram fraudulentas.
A libertação foi confirmada ao fim do dia pela advogada de Muchanga. Citada pelo jornal Canal de Moçambique, crítico do Governo, Alice Mabota disse que a detenção foi ilegal porque não houve mandado de captura.
A polícia considerou a manifestação ilegal, por não ter sido previamente autorizada. Um porta-voz citado pela agência moçambicana AIM, Orlando Mudumane, disse que era também acusado de incitamento à violência.
Recém-eleito deputado, o dirigente oposicionista tinha já sido detido em Julho de 2014, à saída de uma reunião do Conselho de Estado, acusado também de “incitamento à violência”. Foi libertado no mês seguinte, após a aprovação de uma amnistia no quadro do diálogo de paz entre o Governo da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique, no poder desde 1975) e a Renamo.
A Renamo considera que as eleições que deram a vitória à Frelimo e ao seu candidato presidencial, Filipe Nyusi, foram fraudulentas. Reclama a formação de um governo de gestão e afirma que o seu partido fará parte do futuro executivo.
Os resultados das eleições gerais validados pelo Conselho Constitucional no dia 30 de Dezembro dão a vitória a Nyusi com 57% contra 36,6% do líder da Renamo, Afonso Dhlakama. Nas legislativas, a Frelimo venceu com 55,68%, elegendo 144 deputados. A Renamo obteve 32,95%, correspondentes a 89 lugares no Parlamento.
Moçambique viveu uma sangrenta guerra civil entre 1976 e 1992. Os confrontos entre Frelimo e Renamo voltaram em 2013, sendo suspensos por um acordo antes das eleições gerais.
O Presidente da República cessante, Armando Guebuza, convocou para a próxima segunda-feira a primeira sessão da nova legislatura da Assembleia da República, onde serão investidos os 250 deputados eleitos a 15 de Outubro.