Vendas de carros crescem 35% mas ficam longe dos tempos pré-crise
Em 2014 foram vendidos menos 100 mil automóveis do que em 2010.
Dados publicados nesta sexta-feira pela Associação Automóvel de Portugal (Acap, que agrega as empresas do sector), indicam que foram vendidos 142.827 ligeiros de passageiros ao longo do ano passado. Tinham sido 105.921 em 2013 e apenas 95.309 no ano anterior, o pior desde meados da década de 1980. Os quase 143 mil novos carros de 2014 conseguem aproximar-se dos valores de há três anos (153.404), mas empalidecem quando comparados com os 223.399 ligeiros de passageiros que chegaram às estradas em 2010.
Incluindo também nas contas os veículos pesados e comerciais, o resultado não é muito diferente. O total de 172.390 veículos em 2014 é melhor do que o valor dos dois anos anteriores, pior do que 2011 e fica 100 mil unidades abaixo dos números de 2010. O volume de unidades vendidas fica também muito aquém da média dos últimos 15 anos, que ronda os 253 mil automóveis por ano.
O grande crescimento das vendas no ano passado não surge como uma surpresa, já que o sector vinha a recuperar desde Junho de 2013 e as estatísticas já tinham mostrado que, no ano passado, alguns meses tiveram variações anuais positivas superiores a 40%.
No que diz respeito às marcas de carros mais vendidas, a Renault voltou a terminar o ano na frente, com uma quota de mercado nos ligeiros de passageiros um pouco acima dos 11%, sensivelmente o mesmo que tinha em 2013. Em segundo lugar está a Peugeot (perto dos 10%) e em terceiro, a Peugeot (com pouco mais de 9% do total). No quarto lugar surge a Mercedes, que conseguiu 7% do mercado.
O secretário-geral da Acap, Hélder Pedro, antecipa que o aumento de vendas continue em 2015, embora a um ritmo inferior: “Haverá uma evolução positiva, mas abaixo dos dois dígitos”, afirmou, remetendo para as próximas semanas uma estimativa precisa de crescimento.
Para o sector, observou Hélder Pedro, o novo ano trará tanto aspectos positivos, como negativos. Por um lado, o arrefecimento da procura que foi sentido em 2012 e metade de 2013 trouxe “um adiamento da renovação, quer por parte dos particulares, quer por parte das empresas”, o que significa que a idade média da frota automóvel aumentou – está nos 12 anos no caso dos ligeiros de passageiros – e começa a ser maior a necessidade de substituição. Para além disto, refere Hélder Pedro, “os indicadores económicos apontam um ténue crescimento”.
Por outro lado, o Imposto Sobre Veículos (ISV) teve um aumento em torno dos 3%, “acima da inflação”, nota o responsável da Acap. Esta subida faz parte da chamada “fiscalidade verde”, um conjunto de medidas com que o Governo pretende melhorar o impacto ambiental, e pretende incentivar a compra de carros menos poluentes. Haverá uma redução deste imposto para quem entregue um carro para abate e opte por comprar um modelo eléctrico ou híbrido.
A "fiscalidade verde" é também responsável por um acréscimo este ano no preço dos combustíveis, embora contrabalançado pela forte queda do preço do petróleo que tem vindo a acontecer no último meio ano e que se deverá prolongar durante vários meses.
O aumento da contribuição do serviço rodoviário (uma taxa criada em 2007 sobre o consumo de combustível como contrapartida pela utilização das estradas) e a taxa de carbono significam um agravamento de cinco cêntimos por litro no caso do gasóleo e de 6,5 cêntimos na gasolina, segundo contas da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas, citadas pela agência Lusa.
O preço dos combustíveis, contudo, caiu drasticamente. Desde Junho que o preço do petróleo está a encolher, graças a um excesso de oferta face à procura. Por um lado, a produção nos EUA disparou. Por outro, o arrefecimento do consumo chinês e a tépida economia europeia ditaram uma procura abaixo das previsões. Nesta sexta-feira, o preço do barril de brent era de 56 dólares.
Em Outubro, de acordo com os dados mais recentes da Direcção Geral de Energia e Geologia, o consumo de combustíveis rodoviários tinha subido 4,4% em Portugal face a idêntico período de 2013.
Artigo corrigido: o mercado de carros ligeiros de passageiros cresceu 35% e não 36%, como estava escrito. O crescimento de 36% diz respeito ao total do mercado de automóveis ligeiros.