Primeiro-ministro Samaras quer fazer das eleições gregas “referendo” sobre a Europa
“É particularmente a permanência da Grécia na Europa que está em jogo”, disse, num encontro com o Presidente.
“Nesta batalha, não são os partidos políticos que vêm em primeiro lugar, mas a nação, é particularmente a permanência da Grécia na Europa que está em jogo”, disse, citado pelo diário Ekathimerini, num encontro com o Presidente da República, Karolos Papoulias, a quem pediu, nos termos constitucionais, a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições.
Sem que desta vez o tenha dito explicitamente, Samaras, líder do partido conservador Nova Democracia, entende que uma vitória do principal partido da oposição – o Syriza (Coligação de Esquerda Radical), que tem liderado as sondagens, põe em causa a permanência da Grécia na zona euro. O partido de esquerda tem repetido que é favorável à permanência da Grécia na União Europeia e na zona euro, embora defenda uma renegociação da dívida.
“As eleições não eram necessárias”, disse também Samaras, lamentando a falta de apoio dos deputados à eleição de Stavros Dimas, candidato único do campo governamental à sucessão de Papoulias na chefia do Estado – facto que determinou a antecipação das legislativas.
A possibilidade de saída da Grécia da zona euro foi várias vezes invocada por Samaras, designadamente nas legislativas que o levaram ao poder, em 2012. Mas analistas ouvidos pela AFP consideram que a Grécia não está na mesma situação financeira de há dois anos e que o Syriza moderou as suas posições.
As legislativas deverão ser muito polarizadas, opondo a Nova Democracia de Samaras - partido liderante da actual coligação governamental com os socialistas do Pasok - ao Syriza. Os mais recentes estudos de opinião dão uma vantagem da ordem dos três por centro ao partido de esquerda.
Mas é improvável, qualquer que seja o vencedor, que consiga uma maioria parlamentar suficiente para formar Governo, o que obrigará a alianças com partidos de menor expressão cujos resultados são, nesta altura, imprevisíveis. “A paisagem política actual continua opaca porque não se sabe quais dos pequenos partidos terão representação no Parlamento e quem poderá participar numa coligação”, disse à agência o sociólogo Manolis Alexakis, da Universidade de Creta.
Após as legislativas, em Fevereiro deverá ser eleito pelo futuro Parlamento um novo Presidente da República.