Ex-motorista de Sócrates já está em casa com pulseira electrónica

Advogado de João Perna diz que saída do cliente da cadeia é uma "grande vitória" e que este "está muito satisfeito" por voltar a casa.

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João Perna esteve preso preventivamente durante um mês Foto: Paulo Ricca

À chegada a casa, João Perna — que estava preso preventivamente há um mês — foi aplaudido por alguns vizinhos quando saiu da carrinha celular dos serviços prisionais. Entrou rapidamente na porta do prédio, sem prestar declarações nem mostrar a cara.

Perna passará o Natal e o fim de ano em casa, em prisão domiciliária com pulseira electrónica. A medida de coacção foi alterada na semana passada depois de o ex-motorista de Sócrates, indiciado pelos crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal e posse ilegal de arma, ter sido sujeito a um segundo interrogatório judicial, onde terá decidido colaborar com o Ministério Público.

“Factos relevantíssimos”
Questionado sobre esta questão, o advogado do ex-motorista insistiu que a colaboração é "um pouco mistificada". E acrescentou: "Na verdade, João Perna, numa fase inicial, prestou declarações num determinado sentido e o que se fez agora, além de esclarecimentos complementares, foi introduzir uma série de factos relevantíssimos, na nossa opinião, que levaram o tribunal a ficar convencido de que não se justificava a prisão preventiva".

Visivelmente satisfeito, Ricardo Candeias escudou-se várias vezes no segredo de justiça para não responder às perguntas dos jornalistas, recusando-se a esclarecer se o cliente alguma vez foi fazer entregas a Sócrates em Paris. "No exercício das suas funções, ele saiu várias vezes de Portugal", repetiu o advogado, insistindo que não era relevante saber para onde. "Não compreendo tanta celeuma, porque na verdade não é isso que está a ser discutido no presente processo, são coisas muitíssimo mais relevantes ", comentou.

Ricardo Candeias sublinhou que João Perna “nunca teve nada a esconder no âmbito deste inquérito”, referindo que o cliente não cometeu nenhum crime e está disponível para esclarecer as autoridades. O advogado adianta que já falou com o cliente após o seu regresso a casa, afirmando que este se encontra bem. “Ele está muito satisfeito e a família está muito satisfeita”, resumiu o advogado, que assegurou que João Perna vai aguardar serenamente o desenrolar do processo. Ricardo Candeias reconheceu que é preciso “trabalhar mais no processo” e que o seu objectivo é que as imputações feitas ao cliente terminem arquivadas.

Técnicos da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais estiveram na última segunda-feira na habitação de Perna, tendo considerado que a residência tinha as condições necessárias para que o arguido fique em prisão domiciliária. O relatório dos serviços prisionais foi entregue esta terça-feira ao juiz Carlos Alexandre, que ordenou a saída de Perna da cadeia.

Na sexta-feira passada, os serviços prisionais receberam o despacho de Carlos Alexandre para se pronunciarem sobre as condições existentes na habitação. Em casos comuns, os técnicos têm cinco dias para emitir o parecer, mas fonte dos serviços prisionais garantiu que o processo foi considerado urgente face à proximidade do Natal.

Ainda na cadeia de Évora, o antigo primeiro-ministro recebeu nesta terça-feira a visita do líder da bancada parlamentar socialista, Eduardo Ferro Rodrigues, que recusou fazer qualquer comentário sobre o encontro.

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