Rota do Românico investe 16 milhões de euros na conservação de 56 monumentos
Municípios querem continuar a contar com o apoio de fundos comunitários para reabilitar mais património.
A maioria dos imóveis intervencionados localiza-se no Vale do Sousa, onde começou o projecto, em 1998, mas também já foram realizadas obras em monumentos do Baixo Tâmega e Douro Sul, cujo património passou a integrar a rota desde 2010. "A rota tem lutado para encontrar dinheiro para investir na salvaguarda do seu património, mas tem sido um trabalho difícil", admitiu a directora.
Até este ano foram intervencionados 30 monumentos, num investimento de 12 milhões de euros, mas até ao final do próximo ano espera-se que mais 26 elementos patrimoniais recebam melhoramentos, num investimento de 3,8 milhões de euros.
A Rota do Românico do Tâmega e Sousa compreende 58 monumentos nos municípios de Amarante, Baião, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Cinfães, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Resende. Conta com 24 monumentos nacionais e 23 de interesse público.
Em declarações à Lusa a propósito do II Congresso Internacional da Rota do Românico, que termina esta sexta-feira em Amarante, a directora do projecto estima que mais de 50.000 turistas tenham já visitado os imóveis históricos, 36.000 dos quais em grupos organizados, grande parte de nacionalidade estrangeira.
Em jeito de balanço do trabalho realizado desde 1998, Rosário Machado destacou também o Sistema de Sinalização Turística e Cultural da Rota do Românico, que diz ser único na Europa, que contemplou a instalação de sinais na rede viária de acesso aos 58 monumentos. "Neste momento, a rota está devidamente estruturada e faz parte de um produto turístico e de uma estratégia comunicacional", notou.
Outro elemento destacado por Rosário Machado é o programa cultural "Palcos do Românico", que permitiu organizar, em 2014, mais de 200 eventos de teatro, música, dança e exposições, envolvendo dezenas de instituições da região. "Este programa assenta, fundamentalmente, em novas criações artísticas que têm sido do agrado da grande maioria dos espectadores", disse.
Outras áreas de actividade da rota são o Serviço Educativo e o Projecto Pedagógico, no âmbito dos quais, desde 2012, técnicos do projecto se deslocam às escolas da região para actividades de promoção do românico, para além de organizarem visitas aos monumentos. Ao todo, foram alcançadas 7623 crianças, de 308 escolas. "O serviço educativo trabalha essencialmente com os alunos do quarto ano, do primeiro ciclo, porque é nesta idade que se aborda o tema da formação da nacionalidade e a importância que o românico assumiu neste território", explicou.
Para o director regional de Cultura do Norte, a Rota do Românico do Tâmega e Sousa é "um exemplo", por ter o mérito de reunir vários municípios num projeto de valorização do património. "É um exemplo porque os municípios apostaram no património, com resiliência, e sem retorno imediato", considerou António Ponte.
Falando na abertura do congresso, o representante da tutela da Cultura, desafio os municípios a darem uma nova escala à rota, recordando haver outros territórios que já manifestaram interesse de integrar o projecto. O vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Carlos Neves, defendeu que o projecto deve continuar a contar com os fundos da União Europeia no próximo quadro comunitário.
Por seu turno, o vice-presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Jorge Magalhães, considerou a Rota do Românico um "importante projecto de preservação, valorização patrimonial, cultural e turística". Aludindo à importância estratégica do turismo cultural, que atrai 30% dos estrangeiros que visitam Portugal, destacou o "contributo da rota para a melhoria das experiências de quem passa pelo Norte do país".
José Luís Gaspar, presidente da Câmara de Amarante, aludiu à "enorme riqueza patrimonial românica de Amarante" e sublinhou a importância de a região "continuar a zelar pela preservação do património e ter orgulho em mostrá-lo". "O património pode ajudar a compreender o processo de construção da nossa identidade. É uma parte importante da bonita história que temos para contar aos que nos visitam", vincou.