A sessão de autógrafos com Paul Blackthorne foi das poucas enchentes que se registaram no primeiro dia do evento, arquitectado à imagem das grandes convenções de cultura pop nos EUA que reúnem televisão, cinema, banda-desenhada e videojogos. A primeira edição arrancou a meio-gás esta sexta-feira na Exponor, em Matosinhos, onde decorre até domingo. Contudo, a organização espera chegar aos 20 mil visitantes durante os três dias.

O outro ponto alto do primeiro dia foi a conversa com Morena Baccarin, actriz que entrou em Homeland (Segurança Nacional), em algumas séries de culto de ficção científica, como Firefly, V e Stargate SG-1, e que vai juntar-se ao elenco de Gotham (e bastou sair “Gotham” da boca do moderador pela primeira vez para o público explodir em gritos e palmas).

O Auditório A da Exponor quase encheu para ver a actriz nascida no Brasil (mas a viver nos EUA desde tenra idade), que respondeu — umas vezes em português, outras em inglês — às várias questões colocadas pelos fãs, contando alguns episódios mais descontraídos que acontecem no backstage das grandes produções de televisão. Os moderadores estão aqui quase só por cortesia: o tempo e a palavra são dados aos membros do público, que neste tipo de convenções têm a oportunidade de fazer aquela-pergunta-que-sempre-quiseram-fazer ao actor ou actriz em questão.

Do lado da banda-desenhada, com muito menos público a aderir, houve dois painéis de interesse no Auditório Comics: o Portugal Internacional, com a presença de Jorge Coelho, Daniel Maia e Daniel Henriques, artistas portugueses que fazem ou já fizeram trabalhos para as grandes editoras de BD do mercado americano, como a DC Comics, a Marvel ou a Dark Horse; e a conversa com a canadiana Pia Guerra, desenhista da premiada série da Vertigo Y: The Last Man, e o marido Ian Boothby, comediante e escritor dos comics dos Simpsons (e Futurama).

Entretanto, lá fora, passeavam-se alguns cosplayers (traduzindo: pessoas mascaradas de personagens de séries de televisão, de filmes, de banda-desenhada, de anime), poucos para o que se espera neste tipo de eventos; havia pessoas a arrastar zombies por uma corda, a imitar a personagem Michonne de The Walking Dead, numa das iniciativas do canal Fox neste Comic Con; e uns quantos curiosos e outros tantos entendidos espreitavam as bancas do Artist’s Alley, espaço onde autores de banda-desenhada portugueses expõem e vendem os seus trabalhos (e por lá também estava, a fazer desenhos ao vivo, o italiano Claudio Castellini, que já colaborou com a Marvel e foi o artista oficial da capa da série Batman: Gotham Knights).

Terminada a semana de trabalho e de aulas, amanhã espera-se mais público. A acreditar nos diálogos que se ouviam — “só pela Natalie vale a pena vir aqui”, dizia uma miúda na fila para Paul Blackthorne —, os momentos mais esperados são a conversa com Natalie Dormer, actriz de Game of Thrones (Guerra dos Tronos) e Hunger Games (Os Jogos da Fome), às 15h, no Auditório A, e posterior sessão de autógrafos no Hall of Fame, às 16h30.

Seth Gilliam, actor de The Walking Dead, o elenco principal da série Da Vinci’s Demons e Clive Standen, o Rollo de Vikings, são outras celebridades que passam amanhã e domingo pelo Comic Con, com presenças repetidas de Morena Baccarin e Paul Blackthorne. Mas como há mais além do fogo-de-artifício de Hollywood, para este sábado aconselham-se também as conversas com os autores de BD Brian K. Vaughan (um dos maiores escritores de comics americanos), Marcos Martín, Carlos Pacheco, Pia Guerra e Miguelanxo Prado; mais um round do Portugal Internacional com André Coelho, um dos mais activos autores de banda-desenhada no mercado americano; e os painéis sobre o filme Capitão Falcão, o primeiro super-herói fascista português, e a singular série nacional Odisseia.

O evento conta ainda com uma zona orientada para crianças, a Comic Con Kids, e a ExpoSyfy, uma exposição com peças originais de filmes de cinema fantástico, como as lâminas de Freddy Krueger de Pesadelo de Elm Street, o tabuleiro de Jumanji ou a armadilha dos Caça-Fantasmas.