Lufthansa já tem outra filha 'low cost': vem aí a "nova Eurowings"

Em semana de greves, o conselho de supervisão do grupo aprovou a criação de uma marca de voos de baixo custo. A base é a união de uma pequena companhia regional com a Germanwings

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O grupo revelou também a imagem final da nova Eurowings. DR

"O conselho de supervisão aprovou formalmente o desenvolvimento do conceito 'Wings' apresentado pelo conselho executivo", informou esta quarta-feira o grupo Lufthansa. A mais jovem das marcas aéreas europeias recebe assim, por fim, a bênção final que faltava para começar a preparar-se para levantar voo, tendo o conselho autorizado ainda a aquisição em sistema leasing de até sete Airbus A330-200 para voos intercontinentais.

"A nova Eurowings é a nossa resposta a um dos maiores desafios que a indústria aérea europeia enfrenta", disse Carsten Spohr, CEO da Deutsche Lufthansa AG. O "desafio" directo a que se refere é o "rápido crescimento das transportadoras de baixo custo".

Sob o "chapéu" Eurowings, serão reorganizados os voos de duas empresas que integram o grupo Lufthansa: a Germanwings - que realiza voos de baixo e médio custo - e a companhia que, acima de tudo, dá o nome ao projecto, a Eurowings, que nasceu em 1994 e menos de uma década depois passou a ser controlada pela Lufthansa tendo em Outubro último passado para o universo da Germanwings.

A partir dos finais de 2015, a marca Eurowings, inicialmente com base em Colónia/Bona, cruzará os céus da Europa mas não só, já que deverá também realizar voos intercontinentais.

A marca, lê-se no comunicado do conselho de supervisão da gigante alemã, deverá "conquistar novos clientes, oferecendo produtos de qualidade a preços atractivos na forma de voos tanto de curto como longo curso". "Os novos produtos deverão dirigir-se primordialmente ao sector privado de viagens", sublinham, referindo que tal "deverá ajudar as companhias do grupo Lufthansa a assegurar as suas posições firmes nos seus mercados domésticos da Alemanha, Áustria, Suíça e Bélgica".

A "receita para o sucesso", explica depois o director-executivo do grupo, passará por "conceitos inovadores com custos substancialmente mais baixos" combinados com "as forças, competências e mestrias" da Lufthansa.

A companhia tem vindo a transferir todas as rotas que não servem as suas bases centrais em Munique e Frankfurt para a Germanwings, um processo que, informa, deverá estar terminado em Janeiro.

Para começar, as actuais Germanwings e Eurowings deverão continuar a realizar as suas operações, "com as suas redes e tripulações actuais" sob o "chapéu do novo conceito". A frota da actual Eurowings (23 Bombardier CRJ900) será substituída por 23 Airbus A320 até Março de 2017 (a empresa encomendou "dez novos A320 com este objectivo").

Serão acrescentadas "novas rotas" à rede Eurowings ao longo do próximo ano, sendo que a futura base da nova marca deverá localizar-se "fora da Alemanha". Já os serviços de longo curso (que terão, "inicialmente", Colónia/Bona como base) que serão acrescentados contarão com a a SunExpress, uma companhia gerida 50/50 por uma "joint-venture" para rotas mediterrânicas da Turkish Airlines e Lufthansa. No comunicado adiantam-se já os destinos internacionais confirmados: "incluirá pontos na "Florida, África Austral e Oceano Índico".

A confirmação oficial da nova Eurowings chega após dois dias de greves que levaram a Lufhtansa a cancelar metade dos seus voos, afectando 150 mil passageiros, adianta a Reuters. E o sindicato de pilotos, o Vereinigung Cockpit, convocou outra greve para esta quinta-feira (2h/23h GMT). Em causa está uma disputa sobre o plano de reformas antecipadas proposto pelo grupo, mas a onda de paralisações, desde meados de Abril, também contesta a criação de uma nova "low cost", em que os pilotos terão condições menos favoráveis, adianta a Lusa. Na actual Eurowings, os custos de operação ficam 40 pontos percentuais abaixo dos da empresa-mãe.

"Esperamos não vir a ter mais greves, para bem dos nossos passageiros, accionistas e empregados", disse o CEO Spohr aos jornalistas nesta quarta-feira, citado pela Reuters, rematando: "Mas definimos o caminho para que a Lufthansa possa ter um futuro e as greves são a consequência com que temos de viver".

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