PCP disponível para dialogar com PS nas legislativas de 2015

Jerónimo de Sousa considera fundamental que os socialistas definam a sua posição em relação a algumas políticas, como o Tratado Orçanental.

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Jerónimo de Sousa considera o Orçamento para 2013 uma arma de arremesso mortífera PÚBLICO/arquivo

"Da nossa parte nunca houve problema em apoiar propostas que considerássemos positivas vindas do PS. Não temos esse preconceito. Estamos abertos ao diálogo, à convergência, mas definindo políticas e não tentar pensar formar um governo", disse aos jornalistas Jerónimo de Sousa.

Para o PCP, é fundamental que o PS defina primeiro a sua posição em relação a algumas políticas.

"Se o PS considera que é um condicionalismo incontornável ao nosso desenvolvimento o Tratado Orçamental, se é preciso ou não revogá-lo para criar condições para esse desenvolvimento tendo em conta a ditadura do défice, sim ou não o direito aos salários e às pensões, em relação aos quais o PS tem de assumir uma posição clara em vez de remeter para a concertação social, se está disposto a parar este processo de privatizações, se sai ou não da posição híbrida em relação a uma nova política fiscal que taxe o grande capital e que permita às famílias e aos trabalhadores um novo alívio", concretizou.

A discursar para duas centenas e meia de militantes e simpatizantes, o líder comunista frisou que "não basta ao PS parecer, mas ser", citando antes o provérbio da antiguidade clássica de que "à mulher de César não basta parecer, mas ser".

Para Jerónimo de Sousa, ao PS não basta "mudar de líder e de caras nem proclamar posicionamentos de esquerda para branquear o passado e gerar expetativas de mudança se pretende manter as orientações que conduziram o país à crise e à situação de degradação actual".

Em relação ao aparecimento da chamada Convenção para uma Candidatura Cidadã às eleições legislativas de 2015, cujo secretariado é composto por ex-bloquistas, o secretário-geral do PCP questionou "qual esquerda", considerando que "são pessoas que estão mais a pensar em juntar os trapinhos ao PS do que numa política de esquerda".

"É preciso que cada um diga o quer fazer ou propor e nesse sentido são movimentos de forças que tenderão a esvaziar porque falta um projeto de afirmação alternativa", concretizou.