Chamam-se Monos, Vazios, Bolas, Punhos, Coplas e Adornos. São alguns dos objectos da Oyo, uma marca portuguesa de peças utilitárias e decorativas de cerâmica, cimento, betão e outros materiais.
Maria João dos Reis e André Sampaio são os criadores da Oyo. A ideia surgiu no final de 2013 e a criação das peças começou no início do ano seguinte. “Estávamos num café em Guimarães a falar e, de um momento para o outro, começaram a surgir ideias para peças”, recordou Maria João, a P3.
Mas o que é afinal a Oyo? A criadora revela: “Não é bem um projecto, mas um esforço de tentar criar alguma coisa que nós queiramos que exista. É um pouco um estudo de formas e de objectos, é mais uma coisa que vai acontecendo”. Tal como a Oyo surgiu durante uma conversa, também as peças são isso mesmo. “São conversas que vamos tendo e elas nascem precisamente dessas conversas. Temos alguns desenhos de peças que gostávamos de fazer, mas a maior parte começa com uma conversa”, conta.
Os objectos não partem, portanto, de uma inspiração concreta. Resultam, antes, de uma combinação de “memórias”, do que “o que uma pessoa vai fazendo e vai vendo”, garante a arquitecta portuense. “É aquela situação: queres alguma coisa e, se não existe e tu queres, tens de a fazer”, afirma.
Peças produzidas em casa
“Estou tão contente por ter comprado esta peça”. É este o “feedback” que Maria João quer ter. Pretendem que as peças tenham influência na vida das pessoas e que fiquem “felizes” por tê-las em casa.
Taças, candelabros, caixas e colares são algumas das peças da Oyo e todas elas são produzidas em casa. O nome dado a cada é normalmente atribuído por André, estudante de arquitectura natural de Guimarães. Os Monos são “objectos de estar”, como Maria João prefere descrever, e foram os primeiros a ser criados; os Vazios são taças onde dá para colocar chaves, rebuçados, fruta ou até plantar uma flor; as Bolas podem servir de pisa-papéis e têm a particularidade de se dividirem em duas partes, transformando-se em dois candelabros; os Punhos fazem lembrar luvas de boxe, só que muito mais pesadas, uma vez que são feitas de betão; as Coplas são caixas onde se pode guardar o que quiser; e os Adornos não são mais do que colares feitos de betão, cobre e plástico. “O objectivo é tornar o espaço mais luxuoso. São peças diferentes, que não se encontram nas lojas”, refere. Maria João adianta que já estão a ser preparadas novas peças, mas agora com um carácter mais utilitário e não tanto decorativo, tais como jarras, copos e talheres.
A criação dos objectos é feita por moldagem, o que as torna “únicas”, garante a criadora. “A característica mais importante é que todas elas têm personalidade. Normalmente fazemos moldes para as peças [de cimento], mas a maior parte são moldes únicos, ou seja, não há duas peças iguais precisamente por causa disso. Queremos que cada peça tenha a sua própria história. Têm todas pequenas diferenças - as de cerâmica são moldadas à mão de forma tradicional”, explica.
“Não são peças para Portugal”
“Não são peças para Portugal”, observa. Maria João considera que as peças da Oyo são destinadas a “um público com outro tipo de interesses, que aprecie coisas diferentes”. “O povo [português] em geral não se identifica com este tipo de decoração. As pessoas que gostam são uma pequena minoria. Não dava para vivermos disto cá”, avalia. A internacionalização é o caminho que se avizinha e a criadora revela que já têm uma encomenda para o Japão.
O preço de cada peça oscila entre os 24 e os 65 euros. No caso dos Monos pode ir até aos 500 euros por terem sido mais trabalhosos e os primeiros a serem criados. “O preço é uma questão de valorização do nosso trabalho e [estas] foram mais importantes para nós, porque foram o nosso início. Não vamos colocar um preço irrisório, se não é isso que as define”, justifica.
As peças estão expostas na CRU – Loja Cowork, no Porto. Os interessados podem adquiri-las no local ou na loja online.