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Quintas biológicas atraem estrangeiros aos Açores para fazer voluntariado

Iniciativa da associação Gê Questa inspirou-se no programa WWOOF. Em troca da prestação de serviços, participantes são alimentados e alojados em espaços rurais

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Alessandro Bianchi/Reuters

Cidadãos de todo o mundo, sobretudo da Europa e oriundos de grandes centros urbanos, estão a procurar os Açores para fazerem voluntariado em quintas de agricultura biológica, em troca de alimentação e estadia. Trata-se de uma iniciativa da associação ambiental Gê Questa, da ilha Terceira, que se inspirou no WWOOF (World Wide Oportunities on Organic Farms), um programa global de intercâmbio ao abrigo do qual, em troca da prestação de serviços, em regime de voluntariado, os envolvidos são alimentados e alojados em espaços rurais e têm a oportunidade de aprender algo sobre estilos de vida biológica.

"Este actual projeto que a Gê Questa desenvolve, inspirado no WWOFF e na nossa edição anterior, teve de se adaptar à realidade que vivemos hoje em dia, ou seja, a falta de financiamento, o que fez com que este seja um projecto mais pequeno mas, simultaneamente, mais abrangente", disse à Lusa Dário Silva, da Gê Questa.

Segundo Dário Silva, que destaca que todos os elementos ligados à associação ambiental se encontram em regime de voluntariado, no Verão, surgem grupos de 15 pessoas para desenvolverem trabalhos em várias áreas, como a agricultura biológica. "Um outro trabalho que nós vamos desenvolver consiste nalgumas obras de recuperação e conservação do património da nossa sede, um forte que se localiza na freguesia de São Mateus", acrescentou. Os voluntários são ainda, de acordo com Dário Silva, envolvidos numa acção de conservação da natureza, bem como em iniciativas da associação ambiental, como a campanha "SOS Cagarro" e monitorização de ribeiras.

De acordo com o presidente da Gê Questa, os voluntários chegam aos Açores através de vários meios, designadamente pela publicitação do programa da associação, páginas governamentais, dinamização das redes sociais e partilha de informação com antigos voluntários, que depois a passam a outras pessoas, em rede. Dário Silva acrescentou que a Gê Questa tem, por outro lado, uma parceria com o grupo SATA que permite aos voluntários chegar aos Açores a preços mais reduzidos, com tarifas entre os 100 e os 15O euros.

"Outra benesse que as pessoas que vêm realizar voluntariado recebem assenta no facto de ficaram a conhecer os Açores, dando-nos também a conhecer", declarou ainda. Dário Silva aponta que o sucesso do voluntariado nas quintas dos Açores tem levado os interessados a estender os períodos de estadia, algo que a associação tem de controlar, por forma a que cada vez mais pessoas possam participar nestas iniciativas.

Para além desta iniciativa da Gê Questa, no âmbito do projeto WWOOF existem vários projectos que estão a ser desenvolvidos em quintas espalhadas por várias ilhas dos Açores. Na página da WWOOF os potenciais interessados em realizar voluntariado podem consultar as opções disponíveis em todo o país.