Directas socialistas entronizam António Costa com 96% dos votos

Valores da eleição do autarca para secretário-geral ao nível das reeleições de Sócrates e Seguro.

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António Costa votou na sede da FAUL, no Saldanha Nuno Ferreira Santos

À hora do discurso do ainda presidente da câmara de Lisboa, essa contabilidade representava 96% dos votos apurados. Os números confirmam uma afluência mais reduzida à votação. Afinal, Costa não teve oponente na sua candidatura à liderança. São valores comparáveis às reeleições de secretários-gerais do PS.

Em 2006, quando José Sócrates concorreu pela segunda vez ao cargo, a afluência não chegou aos 27 mil militantes. O mesmo aconteceu em 2013, quando Seguro apenas teve a concorrência do relativamente anónimo militante Aires Pedro.

Foi em 2004 que o PS conseguiu galvanizar o maior número de militantes para a escolha do seu secretário-geral. Mais de 35 mil militantes escolheram José Sócrates numa eleição contra Manuel Alegre e João Soares.

Em 2011, quando António José Seguro venceu a disputa com Francisco Assis – depois da demissão de José Sócrates – a participação ficou próxima desse máximo com cerca de 34 mil votantes.

Neste sábado, no seu discurso de vitória, Costa assumiu o “enorme orgulho” que representava a eleição, aproveitando ainda para elogiar a forma como decorrera o escrutínio, classificando-a como um “grande sinal de maturidade” do partido que passava a liderar.

Foi esse o tom das outras duas intervenções da noite. Maria de Belém, a presidente que assumira a gestão do partido desde a demissão de António José Seguro, começou por destacar o facto de, na esmagadora maioria das “estruturas”, se ter confirmado a unidade interna através da lista única à candidatura para delegados ao congresso. O que aconteceu em 544 das 583 secções do PS, representando 92% dos casos. O que provava, na opinião de Maria de Belém, “nítida e claramente que o PS está preparado para assumir o seu papel”.

“Não houve nenhum incidente”, acrescentou Joaquim Raposo, depois de anunciar a eleição de 1748 delegados ao congresso. “Além de coeso e unido, o partido funciona bem”, rematou.

Embora sem fazer referências directas às notícias sobre a detenção de José Sócrates, o novo líder socialista não deixou de assumir o passado do partido. Prestou “homenagem a todos os meus antecessores, desde Mário Soares até António José Seguro”.

E foi depois de questionado sobre os efeitos nocivos das notícias sobre as aspirações políticas que o autarca garantiu que não tencionava adoptar as “más práticas estalinistas” da “eliminação de fotografias deste ou daquele”.

Perante a insistência dos jornalistas, Costa não se cansou de elencar o papel do PS na história recente do país. Na “luta pela liberdade” antes do 25 de Abril, no combate “à deriva totalitária” depois do 25 de Abril, na instituição do Estado de Direito, na entrada de “Portugal na Europa” e na “afirmação do Estado Social”.

O objectivo era fazer passar a imagem de que o PS estava acima de um militante em particular: "O PS existe há 41 anos, e existirá por muitos mais anos, e tem uma agenda própria que transcende a agenda mediática do dia de hoje: é a agenda de construção de uma alternativa política para o país".

De acordo com as contas da Comissão Organizadora do Congresso, o universo real de militantes socialistas em condições de votar situava-se nos 47.727 militantes. Foi também este universo eleitoral que fez a escola dos cerca de 1800 delegados que vão participar no XX Congresso do PS.

Além da habitual votação da Moção Estratégica – que António Costa denominou “Agenda para a Década” – o candidato a líder agilizou a eleição dos órgãos mais executivos do partido. Costa pretende levar a votos o secretariado do PS, além de um conjunto de alterações aos estatutos do partido.

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