Vistos gold deitam abaixo ministro que polícias não conseguiram derrubar
Miguel Macedo foi líder parlamentar do PSD e secretário-geral do partido.
No sábado, na SIC, o seu amigo Marques Mendes já tinha avisado: “Não é agarrado ao poder. Se, em algum momento, constatar que está diminuído nas suas condições de autoridade para o exercício das funções, não tenho nenhuma dúvida de que ele próprio tomará a iniciativa de sair”, disse, a propósito da operação Labirinto.
Num mandato que ultrapassou os três anos enfrentou dois dos maiores protestos de sempre das forças e serviços de segurança, contra o Orçamento de Estado. No primeiro, quando os manifestantes subiram a escadaria, rompendo as barreiras de segurança, Macedo considerou o episódio “absolutamente inaceitável” e, no dia seguinte, chamou ao seu gabinete o director nacional da Polícia de Segurança Pública e exigiu-lhe que fossem apuradas responsabilidades, por causa da actuação do dispositivo destacado para a manifestação que permitiu aos manifestantes invadirem a escadaria. O responsável pela PSP acabou por sair, mas havia de ser colocado pelo ministro pouco depois num cargo fora do país, naquilo que pode ser lido como uma bofetada sem mão a Passos Coelho, que exigira a demissão daquele director.
Mas houve outras polémicas. No Verão de 2013, os incêndios provocaram a morte de nove pessoas, oito das quais bombeiros. Ardeu a maior área dos últimos oito anos. Um relatório encomendado à Universidade de Coimbra detectou inúmeras falhas: lacunas na formação dos bombeiros, falta de conhecimentos básicos sobre o comportamento do fogo, anarquia no uso do contrafogo, entre outras. Em 2012, outro episódio saltou para as páginas dos jornais: a carga policial em frente ao Parlamento, numa manifestação da CGTP, na qual foram atiradas algumas pedras a agentes. Várias vozes criticaram o uso de força “desproporcionado”.
O governante assistiu ainda à detenção do ex-director-geral de Infra-estruturas e Equipamentos do seu ministério. Corria uma investigação de corrupção e foi o próprio ministro a entregar ao Ministério Público os factos com eventual relevância criminal, apurados numa auditoria.
Tomado por quem o rodeia como sendo uma pessoa séria mas com algum mau génio, Miguel Macedo deixa o ministério sem cumprir a promessa de alterar as leis orgânicas da PSP e da GNR, que reactivariam a Brigada de Trânsito e da Brigada Fiscal da GNR, mas levou avante a extinção da Empresa de Meios Aéreos.
É um peso-pesado que sai do Governo: com 55 anos, Macedo é militante social-democrata desde jovem, foi dirigente da JSD, líder parlamentar, secretário-geral do partido, deputado em várias legislaturas. Nasceu em Braga, em 1959, licenciou-se em Direito em Coimbra e exerceu advocacia.
Após Passos Coelho ter sido eleito presidente dos sociais-democratas, em Março de 2010, foi escolhido para liderar o grupo parlamentar e, nas legislativas de 5 de Junho, surge como o número um da lista do partido no círculo de Braga. Fez parte da direcção social-democrata de Marques Mendes, com o cargo de secretário-geral (2005-2007).
Já tinha experiência governativa: entre 1990 e 1991, foi secretário de Estado da Juventude de Couto dos Santos, no executivo de Cavaco; entre 2002 e 2005, secretário de Estado da Justiça dos ministros Celeste Cardona e José Pedro Aguiar-Branco, nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes. Foi ainda vereador da Câmara de Braga (1993-1997) e membro da Assembleia Municipal de Braga, depois das autárquicas de 2009. Com A.H. e Lusa