Globalia acredita que este é “o momento certo” para comprar a TAP
Presidente do grupo espanhol defende que há sinergias importantes com a companhia nacional, mas ainda aguarda pela decisão do Governo.
Estas declarações, que serão reproduzidas na íntegra numa entrevista a publicar na próxima segunda-feira, foram feitas à margem da apresentação de resultados da Globalia, em Palma de Maiorca (Espanha). O grupo alcançou um resultado liquido antes de impostos de 50 milhões de euros no exercício de 2013/2014, que terminou a 31 de Outubro, o que significou uma melhoria face aos 40 milhões registados no período homólogo.
As vendas da Globalia, que além de controlar a Air Europa tem também a agência de viagens Halcon, a cadeia de hotéis Believe e outros negócios no sector do turismo, subiram 6% para um total de 3800 milhões de euros. A transportadora aérea do grupo foi responsável por uma fatia de 1800 milhões, após um crescimento de 15% na facturação. O número de passageiros transportados subiu de 8,7 para 9,6 milhões.
A Air Europa, que aproveitou a crise na Iberia (companhia de aviação espanhola que se fundiu com a British Airways e sofreu uma profunda reestruturação) para crescer, está cada vez mais voltada para o outro lado do Atlântico. Este ano, além de ter inaugurado rotas para o Porto (também já voa para Lisboa) e para Frankfurt, foi no Brasil, Estados Unidos e Porto Rico que apostou mais alto. E, em 2015, o objectivo é reforçar o investimento, passando a ter voos diários para São Paulo e cinco por semana para Miami, por exemplo. No total, a empresa espera aumentar a oferta em 8%.
A eventual compra da TAP ajudaria a companhia de aviação espanhola, fundada em 1986, a acelerar o crescimento, visto que a transportadora aérea portuguesa já encontrou e sedimentou o seu espaço num mercado muito apetecível para a Air Europa – o brasileiro. “Penso que somos capazes de optimizar, de criar sinergias entre as duas companhias. Mas uma coisa é falar e outra é saber do que falamos”, afirmou Juan José Hidalgo Acera, numa referência ao facto de o Governo não ter ainda relançado o processo.
O executivo de Passos Coelho, que falhou a primeira tentativa de privatização da TAP em 2012, com a rejeição da oferta de Gérman Efromovich, não só ainda não decidiu qual será o modelo de venda, como ainda nem sequer chegou a um consenso sobre se relançará o processo. A última informação noticiada pelo PÚBLICO dava conta de um entendimento em redor da alienação de 66% da companhia.
A Globalia foi contactada este ano pelo Governo, que quis auscultar o potencial interesse deste investidor no negócio. E o grupo espanhol, que saiu de Portugal em 2008 em conflito com a administração da TAP por causa do controle e gestão da operadora de handling Groundforce, mostrou vontade em analisar o dossier. Tal como os restantes potenciais candidatos, enviou uma carta ao executivo a dar conta dessa vontade, mas aguarda desde então pela formalização da venda.
A par da Globalia, outros três candidatos deram garantias ao Governo de que estão interessados na companhia de aviação nacional. Os primeiros contactos foram estabelecidos, ainda em Outubro de 2013, com um consórcio que juntou o empresário português Miguel Pais do Amaral, o antigo dono e presidente da Continental Airlines, Frank Lorenzo, e o grupo nacional de transportes Barraqueiro. Também houve manifestações de interesse por parte da companhia brasileira Azul e continua na corrida o eterno candidato Gérman Efromovich.
A jornalista viajou a convite da Globalia