Eutanásia: Brittany Mynard morreu no dia que escolheu

A americana iniciara uma campanha pela aprovação, em todos os EUA, da lei sobre a "morte com dignidade".

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Brittany Maynard em 2013, antes de lhe ter sido diagnosticado um cancro incurável no cérebro AFP

O seu marido, Sean Crowley — porta-voz da organização Compassion&Choices —, disse que morreu "em paz, no seu quarto, abraçada aos seus entes queridos".

"Adeus a todos os meus amigos e familiares. Hoje foi o dia que escolhi para morrer com dignidade, enfrentando a minha doença incurável, este terrível cancro no cérebro que me roubou tanto... mas que me iria roubar ainda mais. O mundo é um lugar belo.(...) Adeus, mundo", diz a mensagem de Maynard.

A Brittany Maynard foi-lhe diagnosticada a doença em Janeiro e os médicos disseram-lhe que não viveria um ano. O cancro no cérebro estava muito avançado e era muito agressivo. Começou, então, uma campanha pelo direito à eutanásia nos Estados Unidos, onde só cinco estados  — Montana, Novo México, Vermont, Washington e Oregon — aprovaram leis sobre "morte com dignidade".

Maynard, que morava em Oakland, na Califórnia, teve de mudar para Portland (no vizinho Oregon). Recebeu uma prescrição com os medidamentos adequados ao seu caso. A lei da "morte com dignidade" foi aprovada neste estado em 1997 e, até Janeiro de 2014, 1200 pessoas tinham pedido o suicídio clinicamente assistido – destas, 750 optaram pela eutanásia, a maioria delas com idades perto dos 71 anos e que nos seus requerimentos invocaram a perda de autonomia.

Com o marido e através da Compassion&Choices, Brittany Maynard começou uma campanha para pressionar os outros estados a aprovarem leis idênticas. A campanha, Brittany Maynard Fund, centrou-se no seu caso e nos vídeos que ia publicando sobre a evolução do seu estado clínico desde que lhe foi diagnosticada a doença incurável.

Dois dias antes da data que marcou para a sua morte, Maynard publicou um vídeo dizendo que poderia alterar a data. "Ainda me sinto bem o suficiente e ainda tenho alegria suficiente, ainda consigo rir e sorrir com a minha família e amigos o suficiente para que este não pareça ser o momento certo", dizia. Mas reconhecia que fisicamente começava a ficar debilitada devido ao inchaço do cérebro provocado pelo cancro, que se estendia ao resto do corpo. Decidiu, por isso, manter a data para a sua "morte com dignidade".

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