Como os Throes + The Shine acabaram por ser uma forma de os membros da banda "abrirem horizontes" musicais, faz todo o sentido que exista uma festa que harmonize os mais diversos estilos sob o grande guarda-chuva da cultura africana. Por isso, de dois em dois meses, Marco Castro, Igor Domingues e Diron não vão deixar ninguém sentado no Maus Hábitos, no Porto. Culpa da Musseque Kuia, que se realiza pela primeira vez nesta sexta-feira, 31 de Outubro, noite de Halloween.
É uma festa que, conta o guitarrista Marco, começou a ser magicada há dois meses e que, à imagem e semelhança da banda luso-angolana, criadora da simbiose "rockuduro", agora a piscar o olho a outros mambos, ilustra isto de juntar culturas diferentes numa só panela — e tudo correr bem. E há todo um programa de actividades: ilustração ao vivo, tatuagens ao vivo e djsets.
"Vamos tentar que os artistas que vêm consigam adaptar a cultura africana às suas artes", descreve o músico, ao telefone com o P3. Também porque no Porto, ao contrário de Lisboa, não existem festas "com bom gosto" dentro deste prisma. Nesta primeira edição, os próprios Throes + The Shine vão ocupar a sala principal do bar com um djset com muito kuduro, funaná, afrobeat, "coisas mais clássicas e mais vanguardistas" e alguma fusão — tudo para fazer mexer a anca. E, claro, com dançarinos a rigor. No salão nobre, a pista está a cargo de Jonathan, da Lovers & Lollypops. Entretanto, no corredores, os ilustradores Andy Calabozo e Elleonor vão estar entretidos a pintar os vidros, enquanto que Nelson Graf Reis estará a tatuar (nada de "drunk tattoos", está garantido). Os bilhetes custam três euros e as portas abrem às 23h30. "Ta a 'kuiar' ou não?".
Nas próximas edições a ideia é que a Musseque Kuia "cresça", que os convidados sejam diferentes, podendo ou não haver concertos, sempre com a curadoria dos Throes + The Shine. Eles que, aliás, não têm parado — será, na verdade, humanamente possível permanecer estático enquanto se toca, ou escuta, malhas como "Tuyeto Mukina" (não é à toa que significa "Vamos dançar") ou "T'ambora Bom"? Agora um trio (André do Poster saiu da banda), em concerto fazem-se acompanhar por Nelson Graf Reis (das tatuagens para o baixo) e Mob (na voz). Levaram este mês "Mambos de Outros Tipos", editado em Abril, a Nantes, Gent e Nancy ("Foi excepcional, sempre em crescendo") e foram escolhidos, ao lado de Moullinex e Fumaça Preta, para actuar no festival holandês Eurosonic Noorderslag, que se realiza de 14 a 17 de Janeiro de 2015, em Groningen. E estão aí os novos discos de Skip&Die e Daniel Haaksman, ambos com uma faixa em colaboração com os Throes + The Shine.
Antes passam pelo Vodafone Mexefest, que se realiza a 28 e 29 de Novembro, em Lisboa. Será um bom momento para ouvir novas músicas, registos em que continuam a dar "progressão à ideia de misturar mais elementos distintos e mais camadas de electrónica" ("Na Primavera pode ser que já surja alguma coisa nova", espera Marco). Será, afiança, um "concerto especial" com "surpresas" que, obviamente, não serão reveladas. Dá uma pista: "No meio de tantas bandas é preciso algo que nos distinga 'da manada'. Neste tipo de festivais fazemos sempre algo para cativar". Isto promete. "Vai valer a pena."