O país onde a revolta sobrevive é o que mais gente tem no Estado Islâmico
Estimativas apontam para que 3000 tunisinos lutem na Síria e no Iraque.
Notando que “é sempre preciso ter cuidado com estes números”, Álvaro de Vasconcelos sugere que uma interpretação possível “é que há radicais em todos os países e os radicais de um país como a Tunísia, onde há um islamismo democrático que procura consensos com forças que os salafistas consideram forças do mal”, encontram mais facilmente um desígnio para si próprios na jihad global do que em casa.
O português que seguiu de perto a transição tunisina e dirige programas sobre transição democrática no Arab Reform Initiative (um consórcio de think tanks e institutos de investigação), depois de ter chefiado o Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia, lembra ainda que a Tunísia tem um alto desemprego entre os jovens, sobretudo licenciados, “que podem encontrar numa causa destas uma solução para os seus problemas de identidade”.
Há também a questão da fronteira com a Líbia, que vive em caos absoluto e se tornou numa das rotas de partida dos potenciais jihadistas. Aliás, há grupos que operam na Líbia e que já estiveram por trás de ataques na Tunísia.
Álvaro de Vasconcelos sublinha ainda que a maioria dos que parte vai a pensar em combater Bashar al-Assad, “depois de anos a verem imagens de crianças sírias mortas e gazeadas”. Acabam depois por se integrar no Estado Islâmico sem necessariamente lá chegarem com a mesma ideologia, porque é esse o grupo que tem mais meios no terreno.