Soro contra o ébola deverá estar disponível nas próximas semanas na Libéria

Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa estão a criar parcerias para obterem soro contra o ébola, disse a Organização Mundial da Saúde.

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Trabalhadores num centro de luta contra o ébola dos Médicos Sem Fronteiras, em Monróvia, na Libéria Dominique Faget/AFP (arquivo)

A utilização de soro é uma prática antiga. Quando não há nenhum outro meio de tratamento de uma doença, retira-se o sangue de uma pessoa que sobreviveu a uma infecção, filtra-se para retirar os glóbulos vermelhos e outros componentes e aplica-se o restante líquido noutras pessoas com a mesma doença.

A pessoa que sobreviveu à doença terá desenvolvido os anticorpos contra o agente patogénico que causou a infecção. Estes anticorpos são fundamentais para lutar contra os vírus e as bactérias e podem ser aproveitados para lutar contra a mesma infecção no corpo de outra pessoa. O plasma ou soro, que resulta da filtração do sangue, contém esses anticorpos.

No caso do vírus do ébola, esta técnica já foi utilizada diversas vezes em surtos anteriores e já no actual. Teresa Romero, auxiliar de enfermagem espanhola que contraiu o vírus em Espanha devido ao contacto com um doente vindo de África e que já está curada, recebeu soro contra o vírus.

“Há parcerias que estão a começar a formar-se para dar capacidade aos três países para extrair de uma forma segura o plasma e prepará-lo para ser usado no tratamento de outros doentes”, disse nesta terça-feira Marie Paule Kieny, médica e responsável da OMS, em Estrasburgo. “A parceria que está a ser formada mais rapidamente é na Libéria, onde esperamos que nas próximas semanas estejam prontas as instalações para recolher o sangue, trata-lo e processá-lo para ser usado”, explicou, citada pela BBC News.

Este método não está isento de riscos, já que o soro pode transportar outros agentes patogénicos como o vírus da sida ou das hepatites, e transmiti-los a outras pessoas, que podem assim ficar com essas doenças. Mas a OMS publicou orientações para garantir a segurança do método: qualquer dador de sangue terá de ser testado para certos agentes patogénicos como as hepatites e o VIH, que não tem cura.

Segundo os dados da OMS de 17 de Outubro, estima-se que desde o início do surto já foram infectadas com ébola 9191 pessoas naqueles três países, tendo morrido 4546.

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