Fraco crescimento global e risco do ébola dominaram preocupações do FMI

BCE reafirma disponibilidade para tomar mais medidas para travar querda da inflação.

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Relatório do FMI, presidido por Christine Largarde, considera dívida insustentável se o país não fizer reformas Saul Loeb/AFP

A par dos apelos para que sejam tomadas medidas que garantam o regresso “a um crescimento robusto e duradouro”, que permita a criação de emprego, também se ouviu o apelo para que a comunidade internacional apoie a irradicação do ébola, sob pena da expansão da doença se estender a outros países, com impacto humanitário, mas também económico.

O FMI, que no início do corrente mês disponibilizou 130 milhões de dólares para combater a doença, na Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria, mostra-se agora disponível para reforçar esse apoio. Para além da ajuda, Christine Lagarde, directora do FMI, fez um pedido, para que os esforços sejam canalizados para “isolar o ébola, não os países” com maior incidência da doença.

Com a temperatura a arrefecer na economia mundial e o receito de que ébola possa propagar-se e a outros países, os discursos do encontro FMI/Banco Mundial tornam-se mais apelativos à tomada de medidas que permitam o relançamento do crescimento económico global, especialmente nas regiões mais débeis.

“Estamos comprometidos em aumentar o crescimento potencial e em criar uma economia global mais robusta, sustentável, que crie emprego”, refere o comunicado final das reuniões deste sábado.

Para contrariar o diagnóstico de que “a recuperação tem sido incompleta”, particularmente em algumas regiões, é deixada a promessa de “medidas ousadas e ambiciosas” para aumentar a procura, mas que podem ser travadas pela necessidade de reformas estruturais e políticas macroeconómicas adequadas, de forma a colocar as dívidas públicas “num caminho sustentável, salvaguardando a estabilidade financeira.

O comunicado assume que a recuperação “é modesta no Japão” e tarda em afirmar-se na zona euro. Pela positiva destaca-se a recuperação da economia norte-americana e do Reino Unido, enquanto as economias emergentes continuam a revelar crescimento firme, embora as perspectivas sejam de aumento moderado.

E entre os recados que ficam deste encontro, que se prolonga este domingo, destaque para a declaração de que “as políticas macroeconómicas acomodatícias [que incentivam o crescimento] devem continuar em economias com folga económica, acompanhadas de reformas estruturais importantes em todos os países”.

Uma nota para que a necessidade de criar oportunidades de emprego para os jovens, para os trabalhadores mais velhos e para as mulheres.

O investimento público e privado é assumido como uma medida para relançar o crescimento económico, particularmente em países com necessidades identificadas e com folga económica e fiscal para o fazer.

Há ainda o regresso a uma questão recorrente, a da necessidade e avançar com a reforma da regulação financeira global, nomeadamente através de regras mais apertadas para os mercados de derivados e maiores exigências de capitais para os grandes bancos, cujo risco de falência pode ter impacto negativo sector.

BCE disponível para novas medidas

Já no decuroso dos trabalhos deste domingo, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi reafirmou a disponíbilidade para recorrer a mais medidas para travar a queda da inflação. Em declarações proferidas no encontro do FMI, Mario Draghi explicou que  que a queda da inflação se devia até agora sobretudo a factores globais, como o preço das matérias-primas, mas que agora se fica a dever a outros factores.

"Mais recentemente, o fraco nível de procura agregada (consumo das famílias, investimento das empresas e despesa pública) tornou-se um factor que contribui para uma inflação mais baixa do que o esperado", afirmou o presidente do BCE, citado pela Lusa.

O presidente do BCE relembrou que a meta desejável da taxa de inflação é, a médio prazo, de 2%, e que as medidas lançadas recentemente, com destaque para a compra de activos, têm esse proópsito.

O certo é que a inflação teima em cair, situando-se em 0,3% em Setembro,o nível mais baixo em cinco anos.

 A disponibilidade do presidente do BCE para "recorrer a instrumentos não convencionais adicionais", tem motivaado alguma oposição por parte da maior economia da zona euro, a Alemanha.

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