Marinho e Pinto arrasa partidos e diz que o caminho que se está a trilhar é de “suicídio colectivo”
Na assembleia de fundadores do PDR, o eurodeputado anunciou que vai fazer um “striptease” dos seus vencimentos e defendeu candidatura de cidadãos a todos os órgãos políticos
“Há um novo projecto político para Portugal e que tudo fará para aperfeiçoar a democracia política, a democracia económica e democracia social”, declarou Marinho e Pinto, numa alusão ao PDR, cujo lançamento, na Casa Municipal de Cultura de Coimbra, juntou cerca de três centenas de simpatizantes, que não pouparam aplausos ao fundador do novo partido.
Num discurso recheado de críticas aos partidos políticos - “o caminho que estamos a trilhar é de suicídio colectivo”, apontou - o ex-bastonário da Ordem dos Advogados proclamou mudanças no sistema partidário, afirmando que “é preciso abrir os partidos políticos aos ares novos da democracia”. E lançou um apelo a todos aqueles que não se revêem no actual sistema a aderirem ao novo PDR. “Queremos mudar a forma de fazer política em Portugal”, defendeu, sublinhando que “o país tem muito a ganhar com a abertura da política aos cidadãos”. E daqui partiu para explicar a posição do PDR no plano da democracia participativa.
“Qualquer cidadão deve poder candidatar-se autonomamente a qualquer cargo público, sem ter a dependência de um partido político”, defendeu. Realçou depois a necessidade de os deputados serem “autónomos e independentes” do seu partido, referindo que estes celebram “compromissos com o cidadão e não com o partido”. “Antes das eleições, os deputados passeiam-se pelo país a prometer tudo aos eleitores. Mas uma vez eleitos esquecem-se dos compromissos que celebraram com quem os elegeu”, acusou, criticando os partidos que “se isentam a si próprios de impostos mas que impõem impostos que esmagam cidadãos e empresas”.
Ainda sobre o sistema político, o fundador do PDR criticou os valores das subvenções que os partidos recebem por voto, por considerar que “não é o Estado que tem de garantir a sobrevivência dos partidos, para que não se tornem parasitas do Estado”.
Um dos grandes momentos da intervenção da tarde aconteceu quando o eurodeputado trouxe para a discussão os casos BNP, BCP e BES, que “deveriam envergonhar o Presidente da República, o primeiro-ministro e o presidente do Banco de Portugal”. “A culpa não pode morrer solteira”, atirou, depois de lembrar que Cavaco Silva aconselhou os portugueses a comprar acções do BES. Na sala ouviu “Rua”, “Rua”.
Outro tema quente foi a privatização da EDP, “uma empresa estratégica para Portugal" que hoje "está a servir os chineses”, disse. Marinho e Pinto aludiu depois a um “outro escândalo nacional”: a água. “Temos que pôr cobro imediatamente ao escândalo nacional de haver concelhos que pagam a água a um preço cinco ou seis vezes superior ao dos concelhos do lado. Essa diferença de preços deve-se a negociatas feitas em benefícios de autarcas”, disparou.
Striptease dos vencimentos
Passos Coelho não ficou fora das críticas. Ao contrário do primeiro-ministro que há dias, no último debate quinzenal no Parlamento, disse recusar fazer o ‘striptease’ das suas contas bancárias a propósito do caso Tecnoforma, o eurodeputado anunciou que vai fazer um “striptease” dos seus vencimentos. Ainda esta semana, Marinho e Pinto vai divulgar “todos os recibos de vencimento emitidos” enquanto eurodeputado no site do PDR.
“Não tenho nada a esconder do povo português. Irei fazer o striptease que o pudor de alguns os impede de fazer”, salientou, defendendo a transparência, assim como “a absoluta exclusividade”, no exercício de funções de titulares dos órgãos de soberania.
Na apresentação do PDR, onde foram divulgados os 11 princípios do partido, que assentam em “Liberdade, Justiça e Solidariedade”, ao lado do número dois do partido, o antigo deputado socialista Eurico de Figueiredo, Marinho e Pinto defendeu que se tem de “refundar a República e fazer um novo 25 de Abril, sem chaimites e sem armas”. Apenas através da “arma do voto”.
No final da assembleia de fundadores, foi feito um apelo a todos os presentes para que se mobilizem na recolha de assinaturas. Até ao fia 8 de Novembro, o PDR tem de conseguir 7.500 assinaturas para a obter a legalização do Partido Democrático Republicano no Tribunal Constitucional.