Semedo afirma que “há situações que nunca prescrevem”
Coordenador do BE considera que deve ser o próprio primeiro-ministro a dar esclarecimentos sobre o caso Tecnoforma.
“O que eu sei é que há situações da nossa vida que nunca prescrevem, mesmo que do ponto de vista judicial possam prescrever”, começou por dizer João Semedo, em referência ao facto de uma eventual fraude fiscal já ter visto o seu prazo expirar à luz da lei. O coordenador dos bloquistas entende que as explicações sobre o caso Tecnoforma deverão ser sempre dadas pelo próprio Pedro Passos Coelho, justificando que os esclarecimentos da Assembleia da República ou da Procuradoria-Geral da República só fazem sentido se “o próprio primeiro-ministro imaginar que cometeu algum crime”.
Em causa está o vazio de resposta de Passos Coelho à pergunta sobre se recebeu algum vencimento pelo seu cargo de presidente do Centro Português Para a Cooperação (CPPC), ligado à empresa Tecnoforma, entre 1997 e 1999. Uma pergunta que surge depois de a revista Sábado ter divulgado, na semana passada, uma investigação do DCIAP sobre o suposto vencimento mensal de cinco mil euros que Passos terá recebido ao longo de três anos, quanto era deputado, tendo posteriormente sido divulgado que exercia o seu mandato em regime de exclusividade, o que o impedia de acumular vencimentos alheios ao Parlamento.
“Eu julgo que qualquer cidadão é que deve explicar tudo o que diz respeito à sua vida pessoal e profissional e o primeiro-ministro não é um cidadão diferente dos outros”, defendeu Semedo, à margem da greve dos enfermeiros no Hospital de São José, em Lisboa, onde se deslocou para mostrar a sua solidariedade para com o protesto daquela classe profissional.
Semedo entende que as explicações necessárias por parte de Passos Coelho são simples. “O que é preciso esclarecer é muito simples. Quando o primeiro-ministro foi deputado, exerceu ou não funções na Tecnoforma ou numa empresa associada? E se exerceu funções, essas funções foram ou não remuneradas e esses rendimentos foram ou não declarados a quem tinha que o declarar?”, questionou, precisando que se refere “à Assembleia da República, ao Tribunal Constitucional e ao IRS/Fisco/Ministério das Finanças”.
O líder do BE lamenta, por isso, que o primeiro-ministro ande a “desconversar” sobre o tema. “O pedir um parecer à Assembleia da República e agora à Procuradoria-Geral da República é desconversar, porque é falar do que não lhe é perguntado e não esclarecer o que é necessário esclarecer”, insistiu Semedo, sublinhando que “começa a ser insuportável o adiamento do esclarecimento”.