Ensino superior vai ter mais acesso a fundos europeus para se internacionalizar
Governo está a recolher até 31 de Outubro contributos das instituições de ensino superior para serem levados a Conselho de Ministros. Uma das ideias passa por criar "vistos-talento" para atrair estudantes internacionais.
O Governo quer apostar na internacionalização do ensino superior e nesta terça-feira, na apresentação do relatório Uma estratégia para a internacionalização do ensino superior português, anunciou que as instituições vão poder candidatar-se a mais fundos europeus, desde que os projectos se relacionem com aquele objectivo.
Além disso, está a ponderar criar um "visto-talento" para atrair estudantes internacionais. “Nós temos de atrair não apenas investimento estrangeiro, temos de atrair mais talento estrangeiro”, afirmou aos jornalistas o ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro.
Nuno Crato pediu ainda às instituições de ensino superior e às associações de estudantes que apresentem contributos sobre o tema até 31 de Outubro, para serem levados a Conselho de Ministros e que poderão resultar em nova legislação: “Apelamos também a que as próprias associações de estudantes contactem connosco e apresentem as suas sugestões para que esta resolução seja o mais completa possível”, disse, admitindo ainda que incluir a capacidade de internacionalização nos critérios de financiamento das instituições de ensino superior é “uma possibilidade”.
À comunicação social, Poiares Maduro explicou que “as universidades vão ter agora acessibilidades aos fundos que não tinham antes”. Ou seja, pretende-se “alargar o acesso” a “mais domínios de intervenção”, desde que os projectos sejam orientados para a internacionalização do ensino superior.
A importância da empregabilidade
O ministro lembrou que os fundos “têm critérios de elegibilidade” como a “orientação para resultados” e que, neste caso, dependerão das áreas de intervenção escolhidas pelas instituições.
Sobre a “orientação para resultados”, sublinhou que, “no passado, em Portugal”, houve “mais de dois milhões de portugueses que tiveram formação profissional”, com “resultados limitados”, porque “se financiava a formação profissional” sem se ter em conta “as taxas de empregabilidade”: “Nós vamos mudar isso. A partir de agora o financiamento da formação profissional vai depender da taxa de empregabilidade gerada por esses cursos”, afirmou, frisando que esta ideia norteará “toda a política de intervenção de fundos”.
E acrescentou, para ilustrar o que irá acontecer: “Por exemplo, as universidades querem promover internacionalmente os seus cursos. Até hoje não havia um domínio em que os fundos apoiavam esse tipo de acções. Hoje vão poder fazê-lo a nível das acções colectivas. Da mesma forma que as associações empresariais se podem apresentar a um projecto para financiamento da sua capacidade de comercialização, para irem a feiras internacionais, para fazerem roadshows internacionais, as universidades também se vão candidatar”, afirmou, sublinhando que, até agora, a “internacionalização da comercialização, normalmente”, só estava aberta a empresas.
Portugal em 30% de programas
Na cerimónia, o secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, salientou que “nos últimos cerca de dez anos” o crescimento dos estudantes estrangeiros rondou os 6% ao ano, e sem contar com os alunos Erasmus.
Mesmo assim, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António Rendas, considera que ainda há um longo caminho a percorrer e que é preciso aumentar a “massa crítica” para que as instituições de ensino superior “sejam olhadas” no estrangeiro “como instituições de acolhimento de qualidade”. Rendas considerou que Portugal não está ainda “no campeonato” que já existe há décadas em países como Inglaterra.
Na sessão, houve também vários responsáveis que consideraram, como o ministro Poiares Maduro, que, no país, “o sistema universitário está atrasado em relação ao científico”.
Portugal recebeu no último ano lectivo 31 mil estudantes estrangeiros, um número que se pretende duplicar até 2020. O relatório inclui várias recomendações e alguns dados, entre os quais o facto de Portugal participar em cerca de 30% de programas europeus de mestrados e doutoramentos.