Q Mostra: uma montra musical do Minho para o Mundo

Eles são uma espécie de “olheiros”, como há no futebol, só que aqui a música é outra. A oferta foi variada, desde o rock alternativo à bossa nova, houve melodias para todos os gostos

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Mariana Vasconcelos

Foi ao som de Diogo Pinto que começou a primeira edição do Q Mostra musical. Gobi Bear, sozinho em palco, deu o mote para esta que viria a ser uma montra musical durante dois dias. Foram as cidades de Famalicão e Barcelos que receberam entre 18 e 19 este evento, que se traduziu numa oportunidade para que algumas bandas da região, apresentassem o seu talento a produtores musicais, programadores de festivais e agências de "booking" portuguesas e europeias.

Foram 17 as bandas que, efectivamente, subiram aos palcos da Casa das Artes e do Theatro Gil Vicente. Em cerca de meia hora os músicos tinham de mostrar a sua posição artística, promovendo o seu espetáculo e a sua sonoridade.

Paul Fowler é representante da Surfire Productions e contou ao P3 que veio à procura de “boas bandas de blues”. Apesar da agência onde trabalha se dedicar a música eletrónica, Paul diz ter vindo “de mente aberta” para ver e ouvir o que estas zonas têm para mostrar em termos musicais.

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The Glockenwise Mariana Vasconcelos

Michel Pereira procura o mesmo estilo musical que o britânico Paul. Este promotor vem de Differdange, uma cidade luxemburguesa e voou até Portugal no intuito de encontrar bandas que se enquadrem no estilo do festival Blues Express, que acontece naquele país.

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Gobi Bear Mariana Vasconcelos

Eles são uma espécie de “olheiros”, como há no futebol, só que aqui a música é outra. A oferta foi variada, desde o rock alternativo à bossa nova, houve melodias para todos os gostos.

Ouvidos cheios de oportunidades

“Barcelos já foi a cidade mais jovem do país”, contou ao P3 Maria Elisa Braga, vereadora da Câmara Municipal. “E a inquietude dos nossos jovens continua patente na nossa identidade. Eles querem cada vez mais mostrar-se através da música. Arte que nós reconhecemos como nosso património”, continua. “Queremos, por isso, contrariar a tendência de ter de ir lá fora mostrar trabalho. Com este tipo de iniciativas são os outros países que vêm ver a nossa arte, e ao conhecer, neste caso, as bandas, ficam a conhecer também a nossa cidade, e isso é óptimo”, esclarece Elisa, que garante ainda que “a música dinamiza a economia”. A vereadora remata referindo que "se 50% das bandas que por aqui passaram conseguirem contrato com alguma agência ou participação em algum festival é uma grande conquista”.

Jorge Humberto, vocalista dos Cityzens, descreve o Q Mostra como “uma grande oportunidade” para fazer uma abordagem directa a estes promotores e agências internacionais. “Esta é uma iniciativa super-interessante e rara. O trabalho começa aqui e depois é manter uma rede de contactos que será útil no futuro”, diz.

Pedro Oliveira é representante da PAD, editora portuguesa, e explicou ao P3 que as bandas vêm, essencialmente, mostrar o seu trabalho, “a sua identidade musical”. Referindo a vantagem, uma vez mais, de este contacto ser directo. “Aqui podes oferecer o teu CD, mostrar o teu espetáculo. Não tens de estar à espera que te respondam a um email ou a uma carta”, sublinha Pedro.

Nem só de networking se faz o Q Mostra

O Q Mostra é mais do que um evento de promoção de bandas. É uma série de concertos. A entrada foi gratuita em ambos os palcos e havia sempre gente para ver a banda do amigo ou a banda de eleição.

Rui Veloso, um jovem da Póvoa de Lanhoso, não é o pai do rock português, mas diz-se “grande apreciador de música no geral”. Reservou os bilhetes logo na primeira semana de Setembro. Fez cerca de 40 quilómetros em cada um dos dias para ver Smix Smox Smux, La La La Ressonance, Peixe: Avião, Budda Power Blues, Killimanjaro e Black Bombaim. Assistiu a estes dois dias de autêntica overdose musical, que tinham início às 16h00 e só terminavam depois da meia-noite.

Ouvimos temas que garantiam que uísque com Nestum é bom e ficámos a traulitar um “rockuduro” que nos foi incutido pelos Smix Smox Smux. Neste evento, seja qual for o ritmo, não há grande reacção da plateia. Estar sentado a ouvir Black Bombaim não permite um "headbaging", mas, pelos vistos, também não incita, sequer, a um ligeiro abanar de cabeça.

As salas nunca chegaram a encher, nem em Famalicão nem em Barcelos. Só The Glockenwise tiveram direito a um auditório mais composto e foi com prata da casa que Barcelos se despediu desta montra de talentos minhotos.

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