Protestos nas freguesias alentejanas onde fecharam escolas

Autarcas recusam-se a assegurar o transporte das crianças alegando dificuldades financeiras

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Os resultados do teste intermédio de Matemática estão a assustar os alunos Enric Vives-Rubio

Em Vila Nova da Baronia os pais insurgiram-se na manhã de hoje contra o encerramento da escola frequentada por 44 alunos. “Não podemos aceitar que crianças com 4,5 e 6 anos abalem de pé dos pais, quando temos na vila uma escola com todas as condições” protestava uma das mães que admitiu reter o filho em casa se insistirem na sua transferência para o centro escolar de Alvito, localizado a cerca de meia dúzia de quilómetros.

 O presidente da Câmara de Alvito, António João Valério, critica o Ministério da Educação por “nunca se ter mostrado disponível” para aceitar que a escola de Vila Nova da Baronia pudesse continuar aberta, alegando que as crianças “têm dificuldade em perceber as razões porque têm de mudar de escola”. O autarca garantiu que pese embora decisão desfavorável do tribunal à providência cautelar interposta pela Câmara de Alvito, “estamos a pensar recorrer para impedir o encerramento da escola de Vila Nova da Baronia”. A seu lado, o pai de uma das crianças perguntava: “Que graça é que a nossa terra tem sem a presença das crianças?”

Ainda no distrito de Beja na freguesia de Rio de Moinhos, o presidente da Câmara de Aljustrel, Nelson de Brito, juntou-se aos pais para protestar contra o encerramento da escola frequentada por 16 alunos. O autarca diz “não ao encerramento da escola e ao transporte das crianças para outra escola” alegando que a câmara “não tem condições financeiras” para suportar os encargos com a sua deslocação para Aljustrel, exigindo que seja “o ministério a assegurar” o serviço. Os pais “mantêm-se intransigentes e querem sobretudo garantias de abertura da escola de Rio de Moinhos ou pelo menos que sejam dadas garantias de transporte”, explicou Nelson de Brito, reafirmando que a autarquia não pode suportar mais despesas.

Em Vila Ruiva, no concelho de Cuba, não houve protestos dos pais e dos alunos, mas as crianças “não foram às aulas, porque os pais assim o entenderam” justifica o presidente da Câmara de Cuba, João Português, frisando que “ainda não se sabe qual a escola que vão frequentar”. Por outro lado esta autarquia também argumenta que não tem disponibilidade financeira para suportar os encargos com os transportes.

No norte alentejano, na freguesia de Alpalhão, a escola, afinal, não encerrou, como estava programado, revelou ao PÚBLICO Ana Manteiga, presidente da junta. Assim, o estabelecimento de ensino que é frequentada por cerca de 60 crianças, abriu as suas portas aos alunos. “Conseguimos uma pequena vitória” reclama a autarca, explicando que se deveu ao facto do centro escolar da vila de Nisa, sede do concelho, “ainda não estar pronto”. “Como as crianças não tinham para onde ir, voltaram a ocupar os bancos da escola de Alpalhão” sublinhou Ana Manteiga, antecipando desde já o propósito de mover uma providência cautelar ou um protesto popular, para impedir que a transferência das crianças venha a concretizar-se no próximo ano.

 

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