Famílias dos jornalistas mortos denunciam pressões da Casa Branca
Ao contrário de outros países, os Estados Unidos e o Reino Unido recusam pagar resgates a organizações consideradas terroristas.
“Jim acreditava que o seu país iria em seu auxílio”, disse a mãe de James Foley, que esteve cativo desde Novembro de 2012, no Norte da Síria. Numa entrevista à CNN, Diane Foley, mostrou-se muito ressentida com a Administração norte-americana. “Sinto mesmo que o nosso país desiludiu o Jim.”
“Eu sei que se ele tivesse sobrevivido ia dedicar-se à necessidade de tornar estes raptos uma prioridade”, afirmou ainda Diane Foley, defendendo que Washington tem de desenvolver com os seus aliados europeus uma estratégia coesa para conseguir a libertação de reféns internacionais.
Ao contrário de países como Espanha ou França, que nos últimos anos pagaram milhões de euros em troca dos seus cidadãos, do Mali à Síria, os Estados Unidos e o Reino Unido recusam pagar resgates a organizações consideradas terroristas (e isso é proibido de acordo com a lei norte-americana). A família Foley, diz Diane, foi ameaçada: se tentasse angariar dinheiro para um futuro pagamento seria levada à justiça. A família de Steven Sotloff, o jornalista que surgiu no vídeo da decapitação de Foley e foi morto da mesma forma duas semanas depois, acusa a Administração do mesmo.
“Eles sentiram-se completamente desarmados quando ouviram isso”, afirmou Barak Barfi, amigo de Sotloff, num comunicado enviado ao site Yahoo News. “Os Sotloff sentiram como se não houvesse absolutamente nada que pudessem fazer para ajudar a libertar o Steve.
Interrogado sobre estas declarações, na sexta-feira, o secretário de Estado John Kerry afirmou-se “surpreendido” e disse ignorar que qualquer das famílias tenha sido avisada sobre eventuais processos judiciais. O porta-voz da Casa Branca Josh Earnest recusou comentar conversas entre a Administração e as famílias e repetiu o que Washington defende – “pagar resgates só coloca em risco outros norte-americanos”.
A mãe de Jim, Diane, diz esperar que o Fundo James Foley, entretanto criado, obrigue os países a coordenarem mais os seus esforços, para além de ajudar as famílias dos reféns.