Portugal acolhe em 2015 exercício da NATO que países do Leste reivindicavam

Operação militar vai decorrer entre Outubro e Novembro. Pretende ter um efeito dissuasor perante potenciais inimigos.

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Shah Marai/AFP

Foi a acção diplomática conjunta de Portugal, Espanha e Itália, e a compreensão dos Estados Unidos, que determinou que o Trident Juncture, considerado uma “operação de músculo” da NATO, se realizará no flanco Sul europeu da aliança. As capitais do Sul da Europa evidenciaram desta forma os seus interesse estratégicos. Que passam, nomeadamente, pela estabilidade na margem Sul do Mediterrâneo, na conturbada área do Sahel, no complicado puzzle de problemas – narcotráfico, pirataria, emigração ilegal e terrorismo – em que se está a transformar o Golfo da Guiné ou na delicada evolução da Líbia. A que há que juntar os desenvolvimentos dos últimos meses no Iraque e na Síria, nomeadamente os assassinatos pelo Estado Islâmico dos jornalistas norte-americanos James Foley e Steven Sotloff, que tiveram grande impacto na opinião pública e nas autoridades dos Estados Unidos. E, sem dúvida, levaram à compreensão de Washington.

Os movimentos conjuntos de Portugal, Espanha e Itália obrigaram, contudo, a gestos diplomáticos. O reforço da atenção de Lisboa, Madrid e Roma com o Sul foi acompanhado de iniciativas com o intuito de reforçar a legitimidade da preocupação que não se esgota com o Norte de África e chega ao Irão. Foi assim que foi interpretado o recente envio por Portugal de seis F16 da Força Aérea que, juntamente com aparelhos da Alemanha, Canadá e Holanda, participam no policiamento rotativo do espaço aéreo do Báltico. Esta é, aliás, a segunda vez que caças portugueses estão envolvidos nesta operação da Aliança Atlântica. Também a Espanha contribuiu com jactos.

Ao ser classificado como “operação de músculo”, o Trident Juncture 2015 converte-se, na simbologia militar, num exercício destinado a exercer um grande efeito dissuasor perante potenciais inimigos. O que é uma mensagem clara da NATO, em tempos de crise.

O desenho militar desta operação, que decorre de 3 de Outubro a 6 de Novembro do próximo ano, começou a ser definido em Portugal. Foi em Maio passado, em Vale do Lobo, no Algarve, que decorreu a primeira conferência de planeamento. Uma acção na qual estiveram presentes 291 intervenientes, representantes das forças armadas dos 28 países da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

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