No dia em que Portugal enviou tropas, quartel da ONU foi atacado no Mali

Intervenção internacional foi sancionada por resolução do Conselho de Segurança de Abril de 2013.

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O bombardeamento com granadas de morteiro atingiu as instalações da Missão de Estabilização Multidimensional Integrada das Nações Unidas no Mali (MINUSMA) em Aguelhok, na província de Kidal, no norte do país.

O acampamento militar foi atingido por um número indeterminado de morteiros, num ataque dos grupos radicais islamistas do AQMI [Al-Qaeda no Magrebe Islâmico] e do Movimento para a União da Jihad no Oeste Africano (MUJAO) e do Ansar al-Din que controlavam aquela zona do Mali até à intervenção internacional, decidida por resolução do Conselho de Segurança de 25 de Abril do ano passado, com o envio de tropas da MINUSMA. Fonte daquele contingente militar não especificou se houve baixas entre os efectivos das Nações Unidas nem a dimensão dos estragos causados.

A missão de manutenção de paz portuguesa, que terá um prazo de três meses, foi avaliada esta madrugada “como muito importante” pelo ministro da Defesa Nacional. “No âmbito do conselho estratégico de defesa nacional trata-se da responsabilidade da defesa cooperativa internacional o que significa que as acções de paz em que Portugal está envolvido têm uma importância e uma visibilidade muito saliente”, destacou José Pedro Aguiar-Branco.

Aquele responsável admitiu que, já em 2013, no início da missão da MINUSMA esteve previsto o envio de militares portugueses para o Mali. Uma missão que, contudo, não se veio a verificar. Pelo que foi considerada uma missão para República Centro-Africana, em Março anunciada ao PÚBLICO pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, que entretanto foi anulada pelas autoridades que fazem a coordenação internacional.

“Como Portugal tinha mantido participação este ano, com devido cabimento orçamental, e como no âmbito das Nações Unidas não estávamos a desenvolver nenhum acção especialmente relevante, foi entendido que Portugal participaria no Mali no âmbito das acções humanitárias”, destacou Aguiar-Branco.

A participação de Portugal na MINUSMA e na EUTM Mali – contingente da União Europeia do qual depende a logística das forças. visa contribuir para a consolidação da paz, a estabilização e a criação de condições de segurança, num país-chave das regiões do Sahel e da África Ocidental. Uma zona assolada por redes de extremistas, de narcotráfico e de imigração ilegal, cujo impacto é temido na Europa do Sul. Aliás, o Sahel é uma região contígua a vários países da margem sul do Mediterrâneo, com os quais Portugal e a UE têm uma relação de vizinhança.

Uma situação que afecta também Cabo Verde e a Guiné-Bissau, parceiros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com os quais possuímos interesses políticos e económicos relevantes. De um ponto de vista mais geral, a participação em missões das ONU e da UE em África insere-se na prioridade que a política externa portuguesa dá àquele continente. Enquadram-se, também, na necessidade de Portugal desempenhar um papel nos esforços multilaterais que visam a resolução de crises.

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