Verona pede mais selfies e menos grafitti para a Casa de Julieta
A autarquia já pôs polícia no concorrido edifício no centro da cidade e aplicou multas a quem escrevesse nas paredes. Mas nada contém os rabiscos dos casais.
O monumento da cidade visitada por mais de dois milhões de turistas todos os anos é tão conhecido por ter a varanda onde Romeu e Julieta namoravam como por ter as paredes cobertas de assinaturas, corações e papelinhos com promessas de amor que se tornaram impossíveis de remover. O fenómeno tem vindo a estender-se a outros edifícios adjacentes à casa, na Rua Capello, no centro histórico de Verona.
A quarta cidade italiana mais visitada de Itália depois de Roma, Veneza e Florença está agora a descer no top de preferências dos turistas na Internet. No site Tripadvisor, onde os turistas partilham opiniões e classificam a qualidade dos espaços a visitar, a Casa de Julieta começa a ser conhecida por ser o oposto de um lugar romântico, especialmente o pátio e a pequena arcada que leva até ele – locais de entrada gratuita – por terem as paredes riscadas de alto a baixo e estarem cheios de gente.
“À medida que entramos passamos por baixo de um arco cheio de grafitti horríveis, horriveis. Fiquei muito surpreendido com o facto de Verona permitir isto, enquanto o resto da cidade está limpa e conservada”, escreve um utilizador do site entre muitos outros que apelidam esta atracção como o um lugar “cheio de gente e bizarro” ou “o pior sítio da cidade”.
A câmara de Verona já tentou conter o fenómeno com multas e policiamento, o que não tem resultado. Colocaram-se painéis de papel para que os visitantes escrevessem aí e não nas paredes. “Não foi suficiente”, disse Stefano Casali, vice-presidente da câmara, ao jornal La Stampa. “Há o controlo policial, mas num espaço de 400 m2, lotado com no mínimo dois milhões de visitantes por ano, não se consegue manter tudo sob controlo”, explica, acrescentando que a resposta oficial é agora o repto “Mais selfies, menos escritos”.
Uma das soluções que está também a ser ponderada pela autarquia é fazer com que a entrada da casa se deixe de fazer pelo pátio. “Vai permitir-nos gerir melhor o local e também criar novos postos de trabalho e aumentar o controlo. Talvez os visitantes se responsabilizem um pouco mais”, diz Stefano Casali.
Esta casa é atribuída à ficcional Julieta por causa da semelhança entre o nome da sua família, Capuleti, e o da família à qual esta casa pertenceu na vida real, Dal Capello. Em 1905, a cidade de Verona comprou este edifício de estilo gótico, do século XIV.