Cientista portuguesa está entre os 35 jovens mais inovadores para revista do MIT
Maria José Pereira, de 28 anos, integra lista dos maiores inovadores com menos de 35, elaborada pela publicação “MIT Technology Review”. A viver em Paris, é a primeira portuguesa a ter esta distinção
O dispositivo médico que Maria José Pereira desenvolveu, juntamente com Lino Ferreira, para reparar corações de bebés valeu à cientista portuguesa a inclusão numa lista, elaborada pela revista “MIT Technology Review”, que distingue os 35 maiores inovadores com menos de 35 anos. Maria José, doutorada em Bioengenharia e com 28 anos, é a primeira portuguesa a integrar a selecção, divulgada anualmente.
Durante os três anos em que Maria José viveu e trabalhou em Boston, nos Estados Unidos, ao abrigo do programa MIT Portugal, pôde pensar e criar um adesivo médico que permite reparar defeitos cardiovasculares. O material é “biodegradável, biocompatível e foi desenhado para ser aplicado em cirurgia minimamente invasiva”, explica ao P3, por telefone, a partir de Paris.
É precisamente em Paris que Maria José, natural de Leiria, mora. O produto que a cientista idealizou foi patenteado e uma start-up francesa — a Gecko Biomedical — está, neste momento, a desenvolver a tecnologia, previamente testada em animais com bons resultados. O objectivo é que o dispositivo possa chegar ao mercado, isto é, à prática clínica, “dentro de dois ou três anos”. Para isso, Maria José está a trabalhar com a Gecko Biomedical, na coordenação da área de tecnologias e adesão. “Isto era o que eu queria fazer, uma transição entre a parte académica e a parte industrial.”
O estudo da cientista, realizado com uma “equipa multidisciplinar”, foi capa da revista da especialidade “Science Translational Medicine” em Janeiro deste ano. “Esta ideia surgiu no contexto de algumas doenças cardíacas que afectam bebés e que se reflectem em defeitos congénitos no coração, ou seja, buraquinhos que têm de ser fechados”, explica. Actualmente, estes defeitos [que afectam seis em cada mil bebés] são reparados com recurso a outros dispositivos médicos que “danificam o tecido cardíaco, não são biodegradáveis e que, num paciente em crescimento, acabam por dar problemas, mais cedo ou mais tarde”. Quando material do adesivo em questão se degrada, é “substituído por tecido do próprio paciente”.
Para Maria José, licenciada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Coimbra, a área da Bioengenharia permite-lhe “trabalham com nova tecnologia, sempre ligada à parte médica — não só a nível de medicamentos mas também de dispositivos”. “É um trabalho bastante estimulante e criativo”, garante. A inclusão na lista do MIT “é um reconhecimento importante e uma grande honra”. “É sempre importante que as pessoas conheçam a nossa tecnologia. Interessa-nos que saibam o que estamos a fazer e que surjam novas ideias e oportunidades de cooperação”, aponta.
A publicação do Massachusetts Institute of Technology (MIT) distingue os profissionais mais inovadores no desenvolvimento de tecnologias há mais de dez anos. Sergey Brin e Larry Page, co-fundadores do Google, Mark Zuckerberg, criador do Facebook, e David Kard, do Tumblr, são alguns dos nomes que já constaram da lista. Os nomeados de 2014 vão ser incluídos na edição impressa da revista dos meses de Setembro e Outubro, além de poderem ainda participar na conferência EmTech, que acontece entre 23 e 25 de Setembro em Cambridge, Massachusetts.