Curdos anunciam ter reconquistado barragem de Mossul
O maior reservatório de água do Iraque era o alvo prioritário da contra-ofensiva lançada com apoio da aviação americana.
Apesar do rol de garantias dos combatentes curdos logo seguidas por declarações do exército iraquiano, jornalistas no local dizem que esta segunda-feira ainda há confrontos na zona e que os jihadistas controlavam o portão principal da barragem.
No domingo surgiram as notícias de que a barragem tinha sido retomada. O comandante dos peshmergas na frente de combates contou à agência AP que os seus homens conseguiram tomar a parte leste da barragem, que tinha sido capturada no passado dia 7 pelos jihadistas. Um outro responsável curdo, Hoshyar Zebari, garantiu à BBC que a operação estava a fazer “bons progressos” apesar de confrontada com “forte resistência”, incluindo “bombas colocadas nas estradas e bombistas suicidas”.
A AFP citava por seu lado Ali Awni, dirigente do principal partido curdo, que garantia “que a barragem foi completamente libertada” e os peshmergas avançavam já em direcção a Tal Kayf, uma das cidades na planície da província de Nínive que os jihadistas tomaram na mesma altura, provocando o êxodo de diferentes minorias que habitavam na região.
A contra-ofensiva acontece na esteira dos bombardeamentos lançados pelos caças e pelos drones norte-americanos, naquela que é a primeira intervenção militar dos EUA no Iraque desde a retirada, em 2011. Só no domingo, a aviação americana atacou 14 alvos, destruindo outros tantos veículos de transporte usados pelos jihadistas e um posto de controlo na zona.
O Presidente norte-americano, Barack Obama, justificou numa carta ao Congresso os ataques aéreos norte-americanos que ajudaram as forças curdas a retomar o controlo da barragem, dizendo que se esta se mantivesse nas mãos dos combatentes do EI poderia ameaçar não só as vidas de muitos civis como pessoal e instalações norte-americanas, incluindo a embaixada dos EUA em Bagdad.
A importância estratégica da barragem de Mossul estende-se para lá do Norte do Iraque, região que depende da água e da electricidade que ela produz. O enorme reservatório de água no rio Tigre pode ser usado como uma arma (para alagar ou privar de água) as cidades a jusante, incluindo Mossul e Bagdad – uma arma que o EI já usou numa barragem mais pequena que controla nos arredores de Falluja.