Oi acusa Salgado de falsear informação e avança com nova auditoria
Accionistas brasileiros pediram a sua própria auditoria aos investimento da PT no Grupo Espírito Santo.
Referindo-se à troca de emails entre Salgado e Sérgio Andrade, dos quais foram publicados alguns excertos na edição da semana passada do Expresso, os ex-administradores da PT (que renunciaram aos cargos depois de serem conhecidos os investimentos na Rioforte) reafirmam o seu total desconhecimento em relação às aplicações, apontam o dedo ao antigo presidente do BES e dizem que vão contratar uma “auditoria contábil e jurídica para rever todos os factos que envolvem a aplicação financeira realizada na Rioforte”. Será a quarta, depois da análise realizada pela comissão de auditoria da PT, e das investigações que estão em curso por parte da CMVM e da PwC (esta última contratada pelo conselho de administração da PT para efectuar uma auditoria externa).
Questionada esta semana sobre os emails publicados no Expresso, fonte próxima de Ricardo Salgado tinha-se recusado a comentar o assunto, dizendo tratar-se de uma situação de “violação de correspondência”. Sem querer pronunciar-se sobre o conteúdo dos emails, confirmou apenas que “houve troca de correspondência” entre o líder do GES e Sérgio Andrade.
Na Oi não restam dúvidas quanto à falta de veracidade das afirmações de Ricardo Salgado publicadas no Expresso, em que o ex-banqueiro descreveu a existência de um acordo entre o GES (accionista de referência da PT, com 10% do capital) e os grandes accionistas da Oi para que a fusão permitisse “limpar” a dívida destes, cabendo ao GES “uma contrapartida equivalente ao benefício das holdings privadas brasileiras no aumento de capital”.
Neste caso, a renovação das aplicações financeiras na Rioforte. Um acordo do qual estariam a par vários responsáveis, portugueses e brasileiros, como Zeinal Bava, Amílcar Morais Pires, Henrique Granadeiro, Nuno Vasconcellos, Octávio de Azevedo, Pedro Jereissati e José Mauro da Cunha (todos membros do comité destinado a acompanhar a fusão), segundo as declarações de Salgado publicadas no Expresso.
No comunicado desta sexta-feira os accionistas controladores da Oi negam a existência de tal acordo e reiteram que o "investimento financeiro no valor de 897 milhões de euros realizado pela PT em títulos da Rioforte era totalmente desconhecido pelos sócios brasileiros da Oi e seus administradores não vinculados à Portugal Telecom, que dele somente vieram a tomar conhecimento no dia 27 de Junho pela comunicação social".
Os dois destacam ainda o empenho dos “sócios brasileiros e administradores da Oi não vinculados à PT” em “implementar soluções possíveis que possibilitassem minimizar os efeitos da desastrosa aplicação financeira” e concretizar a fusão com a PT, cujos activos já tinham entretanto sido transferidos para a Oi em Maio.
Estes esforços culminaram com a definição de um novo acordo de fusão em que os termos de troca foram revistos, atribuindo aos accionistas da PT uma posição de 25,6% da nova empresa e passando para estes a exposição ao risco de incumprimento da Rioforte.