Em defesa dos Artistas Unidos
Se a decisão for no sentido de se impedir que os Artistas lá continuem a trabalhar, será mais um acto de vandalismo da parte de uma sociedade que deixou de acreditar em seja o que for.
Nem outra coisa seria de esperar de mim, ainda à frente da companhia do Teatro da Cornucópia, desde há muito com Cristina Reis, mas que foi fundada em 1973 com o fundador e director dos Artistas Unidos, Jorge Silva Melo. Creio que ambos temos a noção de que o trabalho que cada um de nós tem desenvolvido ao longo da vida à frente de cada uma das companhias, com as desejáveis e conhecidas divergências estéticas que as separam, assenta sobre critérios semelhantes e que elas se completam na função que têm exercido no teatro português. E será por certo com alguma curiosidade que tomarei conhecimento da descoberta pela Universidade de Lisboa de um melhor destino, de um ponto de vista cultural, para aquele simpático espaço a que os Artistas têm conseguido dar vida.
Só posso admitir que quem decidir, agirá dentro da legalidade, mas sei que, como infelizmente se vai tornando regra, cada vez mais se confunde legalidade com liberdade. Se a decisão for no sentido de se impedir que os Artistas lá continuem a trabalhar, será mais um acto de vandalismo da parte de uma sociedade que deixou de acreditar em seja o que for, e sobretudo naquilo que mais a humanizaria: uma prática cultural que tem vindo a formar gerações e a generosamente contribuir para uma responsabilização pública. Aqui fica a minha solidariedade.